Maioria dos portugueses aceitam app para controlo da covid-19, diz Deco

Desde que se assegure a privacidade, os portugueses estão confortáveis com aplicações de rastreio de contágio, ferramentas de partilha de sintomas e até a monitorização de cidadãos em quarentena. Só que apenas 16% acredita que é possível assegurar o anonimato dos dados.

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Um quinto dos inquiridos já usa alguma aplicação para a covid-19 Rui Gaudêncio

A grande maioria dos portugueses que respondeu a um inquérito da Deco concorda com o uso de uma aplicação móvel (app) que ajude as autoridades de saúde a travar a propagação da covid-19. Segundo 78% das mil pessoas inquiridas, “o uso de dados pessoais pode ajudar a salvar vidas”.

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A grande maioria dos portugueses que respondeu a um inquérito da Deco concorda com o uso de uma aplicação móvel (app) que ajude as autoridades de saúde a travar a propagação da covid-19. Segundo 78% das mil pessoas inquiridas, “o uso de dados pessoais pode ajudar a salvar vidas”.

Os portugueses reconhecem os benefícios de uma aplicação para o rastreamento de infectados com covid-19 pelas autoridades e estão dispostos a utilizá-la. Mas revelam preocupação com a privacidade dos seus dados”, resume a Deco no relatório publicado esta quinta-feira.

Regra geral, as apps de rastreio de contágio de covid-19 alertam o utilizador quando alguém com quem esteve nas últimas duas semanas (seja no trabalho, nos transportes públicos, ou no centro comercial) é diagnosticado com o novo coronavírus.  Há meses que ferramentas deste género são usadas por países fora da União Europeia (EU), como a China e Singapura, para controlar o contágio da doença.

De acordo com as respostas de um milhar de portugueses, recolhidas pela Deco entre 24 e 27 de Abril, a geolocalização é a tecnologia que mais causa desconforto aos portugueses: 46% dos inquiridos não aceitaria que as operadoras de telecomunicações recolhessem e partilhassem dados de GPS para monitorizar os hábitos de mobilidade dos cidadãos durante a pandemia. Mesmo que esses dados fossem anónimos.

À partida, isto não será um problema. A proposta portuguesa, que foi apresentada no dia 27 de Abril, não regista coordenadas dos cidadãos, não pergunta quaisquer dados pessoais, e não utiliza GPS. Em vez disso, a app depende de Bluetooth, uma tecnologia de comunicação de curto alcance que permite que aparelhos móveis troquem informação quando estão próximos.

A confiança dos portugueses é fundamental ao funcionamento da aplicação, visto que para ser eficaz na detecção de novos casos de covid-19, pelo menos 60% dos utilizadores de smartphones em Portugal terão de ter esta aplicação instalada.

Privacidade é maior preocupação

Desde que se mantenha o anonimato, os portugueses que responderam ao inquérito também estão confortáveis com a monitorização de pessoas infectadas, para garantir que respeitam o período de quarentena, o uso de aplicações de rastreio de sintomas e a emissão de certificados de imunidade. Só que apenas 16% acredita que é possível assegurar o anonimato total dos dados.

Ainda assim, um quinto da população em estudo já descarregou algum tipo de aplicação sobre a covid-19, sendo que as apps actualmente disponíveis em Portugal só permitem acompanhar informação sobre a evolução da pandemia ou fazer a monitorização de sintomas para perceber quando é necessário contactar um profissional de saúde.

Embora existam várias formas de usar tecnologia móvel para combater a covid-19, incluindo com GPS, pulseiras, e selfies, os estados-membros da União Europeia devem seguir um conjunto de guias comunitários para assegurar a privacidade dos cidadãos. Segundo regras publicadas pela Comissão Europeia a 16 de Abril, aplicações de rastreio de contágio e sintomas de covid-19 não podem revelar a identidade de doentes, não podem ser obrigatórias, e têm de garantir a anonimização dos dados dos utilizadores.