Air France-KLM perde 1801 milhões e espera Verão com forte redução de passageiros

Impacto negativo de Março por causa da Covid-19 levou a um agravamento dos prejuízos de quase 1500 milhões. Air France conta já com um apoio de sete mil milhões de euros do Estado.

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Air France já garantiu sete mil milhões de euros com o apoio do Estado Reuters/BENOIT TESSIER

A Air France-KLM já apresentou os resultados do primeiro trimestre do ano, que apenas por causa do mês de Março e uma pequena parte de Fevereiro (com o cancelamento de voos para a China), são profundamente negativos, com as receitas a caírem 15,5%, para 5020 milhões de euros e o prejuízo a chegar aos 1801 milhões, mais 1477 milhões face a idêntico período do ano passado.

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A Air France-KLM já apresentou os resultados do primeiro trimestre do ano, que apenas por causa do mês de Março e uma pequena parte de Fevereiro (com o cancelamento de voos para a China), são profundamente negativos, com as receitas a caírem 15,5%, para 5020 milhões de euros e o prejuízo a chegar aos 1801 milhões, mais 1477 milhões face a idêntico período do ano passado.

De acordo com o comunicado do grupo, o resultado operacional foi negativo em 815 milhões (agravando-se em 529 milhões) e o número de passageiros recuou 20,1%, para 18,1 milhões por causa dos impactos da covid-19, que está a deixar as frotas de aviões em terra.  

Embora contenham alguns factores extraordinários, os prejuízos do primeiro trimestre são já um sinal do futuro próximo, do grupo e do sector. Para a Air France-KLM, o segundo trimestre vai assistir a uma quebra da ordem dos 95% em termos de capacidade de ocupação disponível. Com o início do processo de recuperação, o desempenho negativo deve atenuar-se para uma quebra de 80% no terceiro trimestre - ou seja, nos meses de Verão.

Olhando um pouco mais para a frente, o grupo sublinha que se prevê um “impacto negativo prolongado na procura por parte dos passageiros”, e que não estima que se volte aos níveis anteriores à crise provocada pela covid-19 “durante vários anos”.

O presidente executivo do grupo, Benjamim Smith, acrescenta ainda que “é preciso ser-se cauteloso nas assunções de recuperação nos próximos meses” devido às incertezas que ainda rodeiam a contenção da expansão do novo coronavírus. Para já, o grupo anunciou que vai apresentar um novo plano estratégico no Verão e avançar com um reposicionamento da sua frota, reduzindo a sua capacidade estrutural em pelo menos 20% no ano que vem.

Aquele que é um dos maiores grupos de aviação a nível europeu é também um dos primeiros a anunciar as perdas trimestrais e a receber apoios estatais. Estes últimos são apresentados como uma peça fundamental para a capacidade de recuperação da Air France-KLM, com o grupo a antecipar perdas de 400 milhões de euros por mês neste segundo trimestre.

Tendo já garantido o acesso a um financiamento de sete mil milhões de euros graças ao apoio do governo francês à Air France (esperando-se ainda a clarificação de ajudas por parte dos Países Baixos à KLM, tendo os dois Estados posições accionistas no grupo), a empresa diz que esse capital extra lhe dá o “oxigénio” necessário para cumprir as suas responsabilidades financeiras e assegurar a recuperação da actividade após a actual crise.

Destes sete mil milhões de euros, quatro mil milhões correspondem a empréstimos bancários garantidos em 90% pelo Estado francês e três mil milhões são empréstimos directos (exigindo em troca uma maior redução das emissões de dióxido de carbono, com menos voos em rota onde haja alternativas viáveis na ferrovia).

Tanto a KLM como Air France estão a voar para Portugal. No caso da primeira, desde 28 de Março que há um voo diário entre Lisboa e Amesterdão, enquanto no caso da segunda os voos entre as capitais dos dois países estão a realizar-se três vezes por semana.

No caso da TAP, a transportadora aérea portuguesa está agora a retomar voos para Paris e para Londres, depois de ter estado a voar apenas para os arquipélagos da Madeira e dos Açores. E falta ainda perceber qual a estratégia do Governo para o reforço financeiro da TAP, onde o Estado detém 50%.