Directores temem regresso de todos os alunos a todas as disciplinas
“Facilitava muito o trabalho das escolas que só fossem às aulas a que vão fazer este ano exame. Seria um grande alívio no que toca a toda a logística”, defende Filinto Lima.
Os directores escolares saúdam as orientações do Governo para o recomeço das aulas presenciais, mas alertam que poderá haver muitos alunos nas escolas e regiões onde os estudantes passem todo o dia fora de casa.
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Os directores escolares saúdam as orientações do Governo para o recomeço das aulas presenciais, mas alertam que poderá haver muitos alunos nas escolas e regiões onde os estudantes passem todo o dia fora de casa.
O Ministério da Educação enviou nesta terça-feira ao final da tarde um conjunto de orientações sobre a forma como devem decorrer as aulas para os alunos do 11.º e 12.º anos, que a 18 de Março deverão regressar às escolas, depois de quase dois meses com ensino à distância devido à pandemia da covid-19.
Contactados pela Lusa, os directores aplaudiram as orientações que “transpõem para o papel o que tinha sido pedido pelas escolas”, disse Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), saudando a decisão da tutela em dar autonomia às escolas para decidir.
No entanto, os directores encontram alguns problemas, como terem novamente todos os alunos a todas as disciplinas de regresso à escola, alertou Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP).
“Defendemos que os alunos devem ter aulas presenciais apenas às disciplinas a que vão fazer exame este ano, mas o documento define que devem frequentar todas as aulas, ora isto significa que vamos ter todos os alunos nas escolas, à excepção das aulas de Educação Física”, alertou Filinto Lima.
O documento da Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (Dgeste) enviado nesta terça-feira define que as escolas reabrem apenas para as aulas das disciplinas com oferta de exame nacional, mas os alunos devem frequentá-las independentemente de virem a realizar as respectivas provas nacionais.
“Facilitava muito o trabalho das escolas que só fossem às aulas a que vão fazer este ano exame. Seria um grande alívio no que toca a toda a logística”, defende Filinto Lima.
Manuel Pereira corrobora esta ideia: “Na prática, os alunos vão ter todas as aulas passíveis de exames, ou seja, terão todos de regressar à escola. É preciso saber se vamos ter salas que cheguem, sendo que o ideal será cada turma ter a sua sala fixa”.
Transportes são problema
Ter apenas um aluno por mesa e em caso de necessidade dividir a turma por duas salas são outras das recomendações do ministério, que não define um número máximo de alunos por sala.
Manuel Pereira lembra que a maioria das turmas tem “25 ou mais alunos” e por isso “boa parte terão de ser divididas”, podendo “não haver os recursos necessários”.
O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, anunciou na terça-feira que caso houvesse necessidade as escolas poderiam pedir mais professores.
No caso de os docentes pertencerem a um grupo de risco, as escolas podem optar por redistribuir o serviço docente, contratar professores ou adoptar outras estratégias, como ter o professor titular a dar aulas a partir de casa e ter um outro na sala de aula a dar apoio.
O documento da Dgeste prevê ainda que, em caso de necessidade, as aulas presenciais passem a metade do previsto e no restante tempo os alunos fazem trabalho autónomo. E que se deve tentar concentrar as aulas das turmas por turnos da manhã ou da tarde.
“Mesmo que os alunos tenham aulas só de manhã ou só de tarde, existem muitas zonas do país onde só há transportes públicos para a escola quando há aulas e depois só há às 8 da manhã e às seis da tarde. Ou seja, nessas zonas, os alunos vão passar o dia todo fora de casa”, alertou Manuel Pereira.
Com a ameaça de contaminação da covid-19, passa também a existir um conjunto de regras desde a higienização de todos os espaços da escola assim como a definição de percursos que devem ser usados por todos.
Filinto Lima acredita que os directores, professores e funcionários “irão conseguir responder”, mas alertam o ministério que é preciso que todo o material de protecção necessário chegue na próxima semana às escolas.