Descoberto em laboratório anticorpo que bloqueia a infecção da covid-19
Investigadores esperam que esta descoberta ajude no desenvolvimento de estratégias terapêuticas para a covid-19.
Cientistas dos Países Baixos e da Alemanha anunciaram esta segunda-feira que conseguiram identificar um anticorpo monoclonal humano que impediu o coronavírus SARS-Cov-2 de infectar culturas de células em laboratório. A equipa referiu ainda que este é apenas um primeiro passo para se conseguir desenvolver um anticorpo totalmente humano que trate ou evite a covid-19.
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Cientistas dos Países Baixos e da Alemanha anunciaram esta segunda-feira que conseguiram identificar um anticorpo monoclonal humano que impediu o coronavírus SARS-Cov-2 de infectar culturas de células em laboratório. A equipa referiu ainda que este é apenas um primeiro passo para se conseguir desenvolver um anticorpo totalmente humano que trate ou evite a covid-19.
Para identificar anticorpos que conseguissem neutralizar o SARS-Cov-2, a equipa criou 51 linhas celulares de ratinhos humanizados que produziam anticorpos para a proteína da espícula de diferentes coronavírus. Afinal, os anticorpos que neutralizam coronavírus tendem a atingir essa proteína, que medeia a entrada de coronavírus nas células do hospedeiro. Depois, fez-se ainda um ensaio de anticorpos quiméricos (obtidos de humanos e ratos) para se tentar encontrar algum que neutralizasse o SARS-Cov-2.
A equipa viu então que o anticorpo 47D11 neutralizava a actividade dos coronavírus SARS-Cov e SARS-Cov-2. Este anticorpo quimérico foi depois transformado numa versão totalmente humana. Os resultados foram publicados esta segunda-feira, na revista científica Nature Communications.
Berend-Jan Bosch (da Universidade de Utrecht, nos Países Baixos, e um dos autores do trabalho) explica que este trabalho se baseou em investigação que já tinha sido feita para anticorpos do SARS-Cov, que surgiu em 2002. “[Agora] identificámos um anticorpo que também neutraliza a infecção do SARS-Cov-2 em culturas de células. Este anticorpo neutralizante tem o potencial de alterar o rumo da infecção no hospedeiro infectado, de ajudar a eliminar o vírus ou de proteger um indivíduo que não está infectado exposto ao vírus”, diz o investigador num comunicado sobre o trabalho.
Já Frank Grosveld (do Centro Médico de Erasmus, nos Países Baixos, e também autor do trabalho) refere que esta descoberta fornece uma “base sólida” para investigação que caracterize este anticorpo e para se começar a desenvolver potenciais tratamentos para a covid-19.
Mas a equipa também avisa que há muito a saber sobre este anticorpo. Por exemplo, ainda não se conhece bem qual é o mecanismo que o leva a neutralizar o vírus. Também ainda é preciso saber se pode mesmo ter um uso clínico. Por agora, num resumo sobre o trabalho, os autores sugerem que, sozinho ou em combinação com outros anticorpos, pode potencialmente ajudar no desenvolvimento de estratégias terapêuticas no futuro.
“É preciso muito mais trabalho para se avaliar se este anticorpo pode proteger ou reduzir a gravidade da doença nos humanos”, diz Jingsong Wang, presidente da empresa Harbour Biomed, que teve cientistas envolvidos no trabalho. “Esperamos avançar para o desenvolvimento do anticorpo com outros parceiros. Acreditamos que a nossa tecnologia pode ajudar a enfrentar esta necessidade de saúde pública tão urgente e estamos à procura de muitas outras vias de investigação.”