À procura de criatividade para um “novo normal”
Já percebemos que só vamos estar à altura de prosseguir se agirmos do mesmo modo, ou seja: em comunidade, com um forte sentido de grupo, de sociedade, de país, de continente, de mundo.
Está prestes a ser lançada mais uma edição do novo normal!
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Está prestes a ser lançada mais uma edição do novo normal!
O nosso quotidiano de há mais de um mês de confinamento em casa trouxe-nos desafios que o medo e, ao mesmo tempo, a memória e a criatividade, já aceitaram, e estão a explorar. A nossa resposta ao medo pode tomar diversas reacções. Aquela que neste momento se manifesta de uma forma muito visível é a de o combater.
Combater o medo. Lembramo-nos de outras situações que já vivemos, enquanto sociedade, momentos muito difíceis e em que tivemos de reaprender a viver, adquirir outros estilos de vida, outras preocupações. Alguns de nós já passaram por grandes crises pessoais, familiares, económicas, sociais, a nível particular, nacional ou até a nível mundial. Os que não as viveram na primeira pessoa têm a possibilidade de ler sobre essas e outras situações, onde podem ir buscar exemplos de superação.
Aprender com a História feita. Aprendemos ao longo da vida. Este é um momento de aprendizagem que nos leva à concretização de um novo mundo que começámos a preparar no momento em que ouvimos falar da covid-19, ainda ela estava do outro lado do mundo.
São as nossas emoções e necessidade de bem-estar, seja de que ordem for, que, mais do que nunca, comandam as nossas acções. Aprendemos outro estilo de vida durante este tempo. Voltámos a pensar. E a pensar naquilo que efectivamente é mais importante e faz mais sentido para a nossa existência e nos concretiza enquanto pessoas: o sentido da vida, o que é mais importante, o valor das relações sociais e as verdadeiras necessidades e urgências.
Durante este tempo tornou-se evidente que o enfrentar deste tipo de situação tinha de ser em conjunto. E já percebemos que só vamos estar à altura de prosseguir se agirmos do mesmo modo, ou seja: em comunidade, com um forte sentido de grupo, de sociedade, de país, de continente, de mundo. O sentido da globalidade entrou-nos pela porta adentro.
A nossa memória e criatividade estão a ser postas à prova para nos prepararmos e adaptarmos à mudança que, com urgência e exigência, está prestes a acontecer. Será que conseguimos, no meio de tanto teletrabalho e aquisição de competências digitais, dar tempo à criatividade? Pensar em questões como: O que é urgente fazer? Do que não me posso esquecer? Quais são as prioridades? O que devo acautelar? Qual a melhor maneira de fazer aquilo que considero necessário? O que devo prevenir? Nos momentos mais desafiadores da vida por que já passei, o que foi que me ajudou? Que forças minhas se tem revelado nesta fase, que desconhecia ter? Devo cortar despesas? Onde tenho de investir? A que nível tenho de investir? Tempo? Dinheiro?
Estas são apenas algumas questões que nos estão a ajudar a preparar o recomeço, seja em que área for. Uma coisa é certa, a criatividade necessária para fazer face a este sentido de urgência de recomeçar sem demoras, por que todos ansiamos, não acontece do nada, mas antes do somatório de episódios, por vezes divergentes, que nos levam a momentos eureka! que fazem avançar o mundo.
Esta pandemia que vivemos tem sido reveladora de um poder de união muito grande e acelerou desenvolvimentos a vários níveis. Nas escolas, o trabalho em conjunto tem sido revelador da intenção de superação de diferenças e que, na realidade, há um bem maior, que são as crianças e jovens que precisam de cada educador, de cada professor. No micro-sistema de cada escola, a unidade dos agentes educativos em torno da ideia de querer prosseguir com o ano lectivo e chegar a todos, fazendo o melhor possível, tem a sua concretização nas diferentes dinâmicas familiares, com a flexibilidade indispensável para poder ser adaptada a cada contexto. Mas não tem sido fácil.
A escola não será a mesma depois desta pandemia. As competências digitais que os professores foram forçados a adquirir estão para ficar. Um período tão suado, tão autodidacta, tão prensado e pouco pensado, por falta de tempo, não será abandonado a troco de nada. Toda esta aprendizagem que os professores fizeram ao mesmo tempo que aprendiam, experimentavam e ensinavam, sem se sentirem confiantes, não irá regredir, porque o caminho da utilização da tecnologia nas escolas está aberto para todos. E ainda porque, de um modo geral, as competências digitais eram bem maiores nos alunos do que nos professores, e agora o gap diminuiu. O processo ensino-aprendizagem terá de ser repensado, o que inclui a avaliação.
A flexibilidade curricular está para durar e, mais uma vez, é indispensável que a comunidade escolar, alargada à tutela, reflicta. Reflicta no Perfil do Aluno e nos conteúdos e competências que se ensinam e promovem. Abordar os temas globais da vida, da humanidade, da ética, o potenciar do espírito crítico, a pesquisa e a investigação, a inclusão, algo bem maior que o ser humano, mas da qual este sente necessidade e sente a existência. E ainda a reflexão sobre os valores da vida e da dignidade humana que, nesta altura, têm sido o alicerce e a prioridade para todos nós. Para quem já hoje é o futuro, saber pensar em temas abrangentes é indispensável.
As escolas terão de se apetrechar com equipamentos e ferramentas digitais e tecnológicas que permitam o continuar deste trabalho, que é a realidade dos nossos dias. Este foi definitivamente o grande trambolhão na educação que a trará, inevitavelmente, para a actualidade e inovação necessárias.
Quando regressarmos ao espaço físico da escola, no tempo que é o da escola, o novo “normal" será pouco normal, até que se torne familiar. E levará tempo até sentirmos esse novo equilíbrio. Por tudo. Pelos medos, pelos desequilíbrios, pelos ritmos diferentes. Mas não foi também sempre assim?
É o tempo em que a nossa energia, agilidade, vontade de superação e flexibilidade vão fazer a diferença. Basta querermos e em conjunto fazer acontecer!