#DemocraciaEmCasa: a importância da educação dos mais jovens para a política

Apesar do afastamento dos jovens da política e a falta de envolvimento na democracia, duas investigadoras do Observatório da Qualidade da Democracia não desistem do desafio. Criaram actividades para os mais novos fazerem em casa e iniciar o debate numa altura em que celebram datas e tomam decisões de grande relevância para a democracia portuguesa.

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Paulo Pimenta

Marina Costa Lobo e Edalina Sanches são duas investigadoras no Observatório da Qualidade da Democracia (OQD) do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, que desenvolvem, há anos, várias iniciativas de sensibilização dos jovens para as questões políticas. Nem o isolamento social as impediu de continuar essa missão por isso, durante a quarentena, criaram um breve itinerário de actividades, a que chamaram #DemocraciaEmCasa, destinado a jovens e crianças com mais de oito anos. Partilhado a 17 de Abril nas redes sociais, qualquer um pode imprimir e fazer este itinerário.

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Marina Costa Lobo e Edalina Sanches são duas investigadoras no Observatório da Qualidade da Democracia (OQD) do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, que desenvolvem, há anos, várias iniciativas de sensibilização dos jovens para as questões políticas. Nem o isolamento social as impediu de continuar essa missão por isso, durante a quarentena, criaram um breve itinerário de actividades, a que chamaram #DemocraciaEmCasa, destinado a jovens e crianças com mais de oito anos. Partilhado a 17 de Abril nas redes sociais, qualquer um pode imprimir e fazer este itinerário.

O objectivo é “criar momentos em que se discute política e se fala de democracia”, explica Edalina Sanches. Há exercícios para legendar imagens, analisar notícias e gráficos e até desenhar um cartaz político, tudo complementado com links para artigos sobre a democracia, vídeos de arquivo da RTP e filmes disponíveis online. Incluí ainda um quizz para testar os conhecimentos de todos, incluindo os adultos, sobre a política nacional. São sete actividades no total, “simples” mas que propiciam a conversa e o debate, principalmente nesta altura do ano, em que se celebram datas e tomam decisões sobre direitos, liberdades e garantias de grande relevância para a democracia portuguesa. 

“Os vários estudos que conhecemos dizem-nos que o interesse pela política vai variando entre os cidadãos, mas também que tem muito a ver com os ambientes de socialização. A discussão da política cria o ambiente propício para que, depois, exista uma socialização em torno de várias ideias, conceitos e interesse pela política. Este é também o nosso contributo para isso”, afirma a investigadora.

Levantar estas questões apresenta-se fundamental quando os dados mostram níveis elevados de abstenção por parte dos jovens. Nas eleições europeias de 2014 apenas 28% dos jovens entre os 18 e os 24 anos dos então 28 Estados-membros votaram. No caso dos portugueses o número foi ainda mais baixo: apenas 19%.

Para além do “cenário geral de menor interesse, menor participação e identificação com os partidos e menor apetência para a participação nas formas mais tradicionais de política”, as diferenças entre os jovens estabelecem-se nos capitais escolares e económicos. Segundo Edalina Sanches, “os mais escolarizados e os que vivem em agregados familiares com rendimentos mais elevados tendem a ter atitudes um pouco mais positivas de uma forma transversal”, quer em relação à democracia quer à participação cívica em geral.

A escola como elemento de aproximação

Recentemente, temos observado mobilizações em massa para outras formas de participação, mais individuais e menos vinculativas, como protestos. A greve climática é um exemplo. As marchas realizadas em Portugal contaram com milhares de jovens, maioritariamente estudantes. Contudo este envolvimento é demasiado “esporádico” para existir uma compensação de uma forma de participação mais espontânea.

“Nós temos de comparar a sociedade portuguesa com as sociedades europeias que sejam nossas congéneres” e nesse caso, Portugal não se destaca particularmente, apenas é semelhante aos outros. “Onde nos destacamos é no facto de os jovens dos outros países participarem nas marchas do clima mas também votarem, e aqui isso não acontece”, afirma Marina Costa Lobo.

Nesse sentido, a escola representa um papel fundamental para a aproximação. Marina Costa Lobo fez parte da elaboração do programa de Ciência Política para os alunos do 12.º ano e considera que a escola pode ser um veículo para mobilizar a “insatisfação”, que deriva de “um conjunto e problemas fundamentais na sociedade portuguesa que criam um desânimo entre a juventude” e convertê-la em participação, em vez de levar à apatia e ao afastamento. O conhecimento e a educação são a chave para a aproximação da democracia, por isso é que actividades como o #DemocraciaEmCasa são “importantes”.