Covid-19: corpos em decomposição encontrados em camiões numa avenida de Nova Iorque

A descoberta foi feita em Brooklyn, em frente a uma agência funerária. “Dezenas de corpos” estavam amontoados num semi-reboque e num camião de aluguer para mudanças.

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Os camiões estavam parados em frente à agência funerária, a poucos metros de uma paragem de autocarro Reuters/LUCAS JACKSON

Com 165 mil casos do novo coronavírus e quase 13 mil mortos só na cidade de Nova Iorque, os hospitais e as agências funerárias da grande metrópole norte-americana não enfrentavam um cenário tão caótico desde a pandemia do vírus influenza, há mais de um século. Mas a descoberta feita numa movimentada avenida de Brooklyn, na quarta-feira, ilustra a gravidade da situação melhor do que qualquer número: a poucos metros de uma paragem de autocarro, paredes meias com uma loja de conveniência, a polícia encontrou “dezenas de corpos” em decomposição, amontoados no interior de um semi-reboque e de um camião de mudanças.

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Com 165 mil casos do novo coronavírus e quase 13 mil mortos só na cidade de Nova Iorque, os hospitais e as agências funerárias da grande metrópole norte-americana não enfrentavam um cenário tão caótico desde a pandemia do vírus influenza, há mais de um século. Mas a descoberta feita numa movimentada avenida de Brooklyn, na quarta-feira, ilustra a gravidade da situação melhor do que qualquer número: a poucos metros de uma paragem de autocarro, paredes meias com uma loja de conveniência, a polícia encontrou “dezenas de corpos” em decomposição, amontoados no interior de um semi-reboque e de um camião de mudanças.

O alerta foi dado por pessoas que passavam pela zona e que “sentiram o cheiro”, disse Eric Adams, o presidente do borough de Brooklyn, um dos cinco concelhos da megacidade de Nova Iorque.

“O caso está a ser investigado, mas isto não devia estar a acontecer, com camiões estacionados nas ruas cheios de corpos”, disse Adams ao jornal Daily News. “Parece que o semi-reboque estava cheio e que começaram a usar um camião como reforço. É traumático para os familiares”, disse o mesmo responsável ao New York Times.

No Twitter, Eric Adams recordou que já tinha pedido medidas urgentes “para reformar os processos de tratamento dos corpos e funerais”.

“Exigimos tratamento decente para os nossos mortos”, disse Adams.

Não se sabe ainda quantas das “várias dezenas” de pessoas cujos corpos foram encontrados em camiões na Avenida Utica, em frente à agência funerária Andrew T. Cleckley, morreram de covid-19. Mas a transmissão do novo coronavírus em Nova Iorque – o actual epicentro mundial da pandemia – deixou hospitais e agências funerárias à beira da ruptura, como já não se via desde 1918.

No início do mês, a cidade tinha já em funcionamento 45 morgues móveis e os crematórios funcionavam 24 horas por dia. Alguns hospitais, como o de Brookdale, também em Brooklyn, tinham camiões refrigerados à porta para guardarem os corpos que já não cabiam nas suas instalações.

Mas os corpos encontrados na quarta-feira estavam em decomposição e foram transferidos para camiões refrigerados pelo Departamento de Saúde e Protecção Ambiental de Nova Iorque.

Citado pelo New York Times, o proprietário do prédio ao lado da funerária, John DePietro, disse que na terça-feira estavam parados na mesma rua cinco veículos. “Tinham corpos em carrinhas e camiões, dentro de sacos e uns em cima dos outros.”