Governo autoriza I Liga e Taça de Portugal à porta fechada. II Liga cancelada

Os jogos decorrerão todos sem público. O protocolo sanitário apresentado pela Liga ainda terá de ser aprovado pela DGS, bem como os estádios que irão receber os jogos. II Liga cancelada.

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Os jogos da I Liga irão ser retomados no final de Maio LUSA/HUGO DELGADO

A partir do último fim-de-semana de Maio, voltará a haver futebol em Portugal. O plano de desconfinamento revelado nesta quinta-feira pelo Governo prevê a conclusão da I Liga, que ainda tem dez jornadas por disputar, e da Taça de Portugal, cuja final será discutida entre FC Porto e Benfica. De acordo com o plano anunciado por António Costa, todos os encontros decorrerão à porta fechada e é provável que nem todos os estádios da I Liga recebam jogos. No que diz respeito ao futebol, a II Liga ficou de fora deste quadro de retoma, sendo que continuam interditas todas as modalidades praticadas em recinto fechado, incluindo os desportos de combate. A prática do desporto individual ao ar livre, que não seja em competição, também “deixará de ter limitações”.

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A partir do último fim-de-semana de Maio, voltará a haver futebol em Portugal. O plano de desconfinamento revelado nesta quinta-feira pelo Governo prevê a conclusão da I Liga, que ainda tem dez jornadas por disputar, e da Taça de Portugal, cuja final será discutida entre FC Porto e Benfica. De acordo com o plano anunciado por António Costa, todos os encontros decorrerão à porta fechada e é provável que nem todos os estádios da I Liga recebam jogos. No que diz respeito ao futebol, a II Liga ficou de fora deste quadro de retoma, sendo que continuam interditas todas as modalidades praticadas em recinto fechado, incluindo os desportos de combate. A prática do desporto individual ao ar livre, que não seja em competição, também “deixará de ter limitações”.

O primeiro-ministro anunciou, no entanto, que ainda há condições a cumprir para que o regresso seja uma realidade. Segundo revelou António Costa no Palácio da Ajuda, após uma reunião do Conselho de Ministros, o regresso está dependente da aprovação por parte da Direcção-Geral da Saúde (DGS) do plano sanitário apresentado pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), um protocolo que prevê, por exemplo, a realização extensiva de testes a todos “os elementos da ficha de jogo e jogadores não convocados” e outros elementos adicionais, entre outras medidas.

António Costa deu ainda a entender que nem todos os estádios terão condições para a realização destes jogos à porta fechada e que, de acordo com os protocolos sanitários, essa avaliação será igualmente feita pela DGS. Ao que o PÚBLICO apurou, em causa estarão essencialmente os estádios que foram construídos para o Euro 2004 e, eventualmente, o Estádio Cidade de Barcelos, que serve de casa para o Gil Vicente. Seis dos dez recintos do Euro 2004 são utilizados por equipas da I Liga (Luz, Dragão, Alvalade, Bessa, Guimarães e Braga), mas está também em aberto a utilização dos outros quatro (Algarve, Aveiro, Leiria e Coimbra). Seja onde for, não poderão estar mais de 300 pessoas em cada jogo.

Os clubes dos arquipélagos

Uma eventual concentração geográfica dos jogos implicará que as equipas insulares joguem apenas em Portugal continental. O Santa Clara, pela voz do seu presidente, Rui Cordeiro, já garantiu que o clube açoriano irá disputar todos os jogos longe do arquipélago, até porque o Governo regional impôs uma quarentena obrigatória a quem chegasse à região. Já em relação ao madeirense Marítimo, o seu presidente, Carlos Pereira, está contra essa concentração. “O campeonato é normal e tem de ser realizado conforme mandam os regulamentos. Não vou alimentar cenários quando não concordo com eles”, referiu, citado pelo jornal O Jogo.

Havendo o parecer favorável da DGS, a I Liga irá, então, voltar à actividade dois meses e meio depois de ter sido interrompida por causa do novo coronavírus - a competição foi suspensa quando se ia disputar a 25.ª jornada. O calendário pré-pandemia do futebol português previa que a I Liga terminasse no fim-de-semana de 16 e 17 de Maio, com a final da Taça de Portugal a realizar-se no domingo seguinte, a 25 de Maio. Agora, serão 90 jogos da I Liga, ainda com tudo por decidir (título, classificações europeias e despromoções), mais um para a final da Taça.

No que diz respeito à final da Taça, está tudo ainda muito indefinido, a começar pela própria realização do jogo entre Benfica e FC Porto. Sendo habitualmente o encontro que fecha a época do futebol português, a data da final não foi ainda definida, nem é um dado adquirido que seja realizada no Jamor, como é a tradição. Ponto assente é que o parecer da DGS ditará os passos a seguir.

Pouco depois da comunicação de António Costa, o Sporting anunciou, em comunicado, que o seu regresso à competição será a 1 de Junho. Ou seja, o encontro dos “leões” com o V. Guimarães, a contar para a 25.ª jornada, ocorrerá a uma segunda-feira. 

II Liga cancelada. Promoções e despromoções por decidir

O plano de desconfinamento anunciado por António Costa não se referiu directamente ao que iria acontecer com a II Liga, mas o primeiro-ministro anunciou, de forma implícita, que esta não iria ser retomada. “Tivemos a oportunidade de ouvir a Liga e a Federação Portuguesa de Futebol. Só para a I Liga é que havia condições para a reabertura da época”, referiu o primeiro-ministro.

Mais tarde, em entrevista à RTP, o governante reforçou que essa decisão de limitar o regresso do futebol à I Liga e à Taça foi fruto de um consenso: “No futebol é óbvio que há proximidade. A primeira medida que se tomou foi que não haverá público nos estádios. Depois, foi limitado à I Liga, onde consensualmente a Federação, a Liga e os clubes assumiram que têm as condições técnicas e organizativas para cumprir as normas de protecção, de testagem e isolamento”.

Esta decisão deixou os clubes do segundo escalão do futebol português bastante revoltados. O PÚBLICO sabe que haverá uma reunião informal na sede da Liga já na sexta-feira, sendo que deverá haver uma Assembleia Geral do organismo para discutir os cenários de promoções e despromoções na II Liga, no início da próxima semana.

O PÚBLICO tentou contactar vários dirigentes de clubes da II Liga, mas a única reacção que obteve foi de expectativa pelas indicações do organismo liderado por Pedro Proença. Da parte do Farense, que está na segunda posição da II Liga e bem lançado para o regresso ao primeiro escalão, há a crença de que a classificação será homologada.

Se isto acontecer, serão promovidos o Nacional da Madeira (líder, com 50 pontos) e o Farense (segundo, 48), sendo que a luta pelos dois lugares de promoção ainda estava totalmente em aberto com dez jornadas por disputar - aos dois primeiros seguiam-se Feirense (42), Mafra (39) e Estoril (39). 

Uma reacção oficial veio da Oliveirense, que, em comunicado, fala de “dois pesos e duas medidas para o futebol profissional”. “Há um regime de excepção para a I Liga e para a Taça de Portugal. Ou paramos todos ou jogamos todos. Não queremos uma competição no relvado e outra na secretaria”, refere à agência Lusa o presidente do clube, Horácio Bastos. com Paulo Curado