Portugal entre os países europeus onde o turismo mais cai. Recuo anual de 40%

Consultora britânica estima queda de 39% nas viagens de turismo para toda a Europa em 2020, com restrições de viagens e movimentos devido à pandemia de covid-19. Previsões podem agravar-se caso “as restrições de viagens continuem e atinjam o pico da época” turística, entre Julho e Agosto.

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Juntamente com Itália e Espanha, Portugal é um dos países europeus onde o PIB mais depende do turismo, num total de 16,5% Rui Gaudêncio

Portugal é dos países europeus onde o turismo internacional mais deverá cair este ano devido à pandemia, com uma queda prevista de 40% no número de visitantes, apenas superada por Espanha e Itália, de acordo com um estudo da Oxford Economics.

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Portugal é dos países europeus onde o turismo internacional mais deverá cair este ano devido à pandemia, com uma queda prevista de 40% no número de visitantes, apenas superada por Espanha e Itália, de acordo com um estudo da Oxford Economics.

O estudo desta consultora britânica sobre os impactos da covid-19 no turismo europeu, datado do início de Abril e ao qual a agência Lusa teve acesso, refere que em Portugal deverão registar-se menos sete milhões de entradas internacionais este ano, em comparação com 2019 — o equivalente a uma queda de 40%.

Em termos percentuais, Portugal é apenas superado na redução dos visitantes por Itália (com uma queda de 49%, menos 31 milhões de visitantes) e por Espanha (recuo de 42%, menos 34 milhões de visitantes), que são também os países europeus mais afectados pela pandemia, seja em número de mortes ou de casos.

Já em termos de volume, o Estado-membro com maior recuo nas chegadas turísticas internacionais, segundo a análise da Oxford Economics, é França, com uma queda de 40%, equivalente a menos 38 milhões de visitantes face a 2019. O país, o terceiro mais afectado pela covid-19 no continente, é responsável por cerca de 13% das entradas internacionais em toda a Europa.

Juntamente com Itália e Espanha, Portugal é um dos países onde o Produto Interno Bruto (PIB) mais depende do turismo, num total de 16,5%, segundo o Conselho Mundial de Viagens e Turismo. Outro Estado-membro europeu muito dependente do turismo é a Grécia, onde, de acordo com a Oxford Economics, a queda no número de chegadas será de 36%, equivalente a menos 11 milhões. O sul da Europa é, inclusive, a região mais afectada pelo recuo do turismo internacional, prevendo-se uma queda conjunta de 40% em 2020, após um crescimento de 5% em 2019.

Restrições em viagens

A consultora britânica observa nesta análise, a mais recente para o turismo europeu, que, “mesmo nos casos em que o número de casos [de covid-19] num país é relativamente baixo, tendem a existir restrições semelhantes em matéria de viagens e de movimentos”, o que justifica estas quedas acentuadas.

Assumindo que a covid-19 afectará o turismo europeu durante oito meses (Fevereiro a Setembro), entre alturas de confinamento e de levantamentos faseados das restrições, esta entidade estima uma queda de 39% nas viagens de turismo para toda a Europa em 2020, comparando com o período homólogo anterior, o equivalente a menos 287 milhões de chegadas internacionais.

Ainda assim, a Oxford Economics nota que “a duração potencial das proibições de viagem é ainda bastante incerta”, pelo que os números poderão alterar-se e até piorar, caso “as restrições de viagens continuem e atinjam o pico da época” turística, isto é, Julho e Agosto.

E, “embora se preveja uma rápida recuperação em 2021, não se espera que os níveis de viagens internacionais registados em 2019 se restabeleçam antes de 2023, uma vez que os efeitos prolongados sobre os rendimentos se repercutem” nos movimentos turísticos, nota a entidade.

No que toca às viagens domésticas, “também cairão [em 2020], mas não mais do que as viagens internacionais”, estima a Oxford Economics, justificando que as restrições aplicadas a este nível deverão “ser levantadas mais cedo”.

Para o conjunto da Europa, a redução esperada nos movimentos turísticos domésticos na região este ano é de 23%, sendo mais acentuada no sul da Europa (-24%) e na Europa ocidental (também -24%) e menos evidente na Europa central ou oriental (-20%), conclui a consultora na análise.