Chico Buarque vai colocar cravos vermelhos na sua janela e cantar Grândola, Vila Morena “alto e bom som”
O escritor e compositor Chico Buarque, que estaria em Lisboa a receber o Prémio Camões 2019 neste dia em que se comemora o 25 de Abril, fez um vídeo com uma mensagem para os amigos portugueses, que a sua editora publicou nas redes sociais.
Chico Buarque, que estaria neste 25 de Abril em Portugal a receber o Prémio Camões 2019 se não fosse a pandemia de covid– 19, gravou uma mensagem de “saudação aos amigos portugueses” pelo 25 de Abril, que a editora Companhia das Letras Portugal publicou nas redes sociais.
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Chico Buarque, que estaria neste 25 de Abril em Portugal a receber o Prémio Camões 2019 se não fosse a pandemia de covid– 19, gravou uma mensagem de “saudação aos amigos portugueses” pelo 25 de Abril, que a editora Companhia das Letras Portugal publicou nas redes sociais.
“Este ano eu pretendia estar na festa do 25 de Abril porque os organizadores do Prémio Camões me deram a honra de marcar a cerimónia para esta data. Infelizmente não estou aí, não haverá entrega de prémios nem descerei com vocês a Avenida [da Liberdade]. Mas esta tarde, deixarei na janela cravos vermelhos e cantarei alto e bom som Grândola, Vila Morena, de Zeca Afonso. Se possível, peço ainda a vocês que guardem no pensamento os seus irmãos brasileiros, que estão mais do que nunca necessitados de um cheirinho de alecrim. Um abraço”, diz o autor de Leite Derramado.
Mais recentemente, já depois de lhe ter sido atribuído o Prémio Camões, Chico Buarque publicou Essa Gente , que de alguma maneira é um romance colado à realidade, com acontecimentos recentes da história do Brasil, onde a 28 de Outubro de 2018 o capitão reformado Jair Bolsonaro foi eleito Presidente da República, tendo tomado posse a 1 de Janeiro de 2019. Em Outubro, Jair Bolsonaro sugeriu que não iria assinar o diploma de entrega deste Prémio Camões e, nessa altura, o escritor reagiu dizendo: "A não assinatura do Bolsonaro no diploma é para mim um segundo Prémio Camões”.
Não é a primeira vez que a entrega do Prémio Camões esteve envolvida em polémica por causa do alinhamento ideológico do Governo brasileiro. Em 2017, na cerimónia de entrega do prémio a Raduan Nassar, o escritor fez um discurso crítico do processo de impeachment de Dilma Rousseff, levando o então ministro da Cultura, Roberto Freire, a defender o Governo de Michel Temer.
O compositor e escritor Francisco Buarque de Hollanda sucedeu ao cabo-verdiano Germano Almeida e foi o 13.º autor brasileiro a receber a distinção do Prémio Camões que valoriza toda a obra de um escritor, entre nomes como Jorge Amado ou João Cabral de Melo Neto.