Abril é nosso!
Na Assembleia da República, a celebração do 25 de abril deve ser um exercício diário. Um exercício de memória, um exercício de valores e um exercício de defesa das conquistas de abril. Cabe-nos a todos melhorar a democracia.
Estamos a quatro anos de celebrarmos os 50 anos de democracia em Portugal. O 25 de abril de 1974, que nos retirou da pobreza e do analfabetismo e nos aproximou da Europa e do mundo, deu-nos muito: a liberdade, valor supremo conquistado em 1974; a Justiça, independente, pilar fundamental do Estado de Direito; um Estado Social que tem minimizado as desigualdades; um Serviço Nacional de Saúde (SNS) a quem todos hoje reconhecemos a importância; um sistema de ensino que dá aos nossos jovens igualdade de oportunidades e lhes permite qualificarem-se como cidadãos e como profissionais.
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Estamos a quatro anos de celebrarmos os 50 anos de democracia em Portugal. O 25 de abril de 1974, que nos retirou da pobreza e do analfabetismo e nos aproximou da Europa e do mundo, deu-nos muito: a liberdade, valor supremo conquistado em 1974; a Justiça, independente, pilar fundamental do Estado de Direito; um Estado Social que tem minimizado as desigualdades; um Serviço Nacional de Saúde (SNS) a quem todos hoje reconhecemos a importância; um sistema de ensino que dá aos nossos jovens igualdade de oportunidades e lhes permite qualificarem-se como cidadãos e como profissionais.
Mas ao 25 de abril devemos, igualmente, uma matriz de instituições democráticas, eleitas diretamente pelo Povo: Poder Local, Assembleia da República e Presidente da República.
No meu trabalho político servi o país na Assembleia da República, espaço de debate de ideias e de confronto de modelos de sociedade. Orgulho-me de ter pertencido à Comissão de Saúde e de ter lutado pela defesa, qualificação e aperfeiçoamento do SNS. De ter contribuído para o reconhecimento dos seus profissionais e para a proteção dos seus utentes.
O SNS tem sido motivo de muitos debates parlamentares, desde a sua criação por António Arnaut. Muitos desses debates foram acesos, entre os que sentiam obrigação de defender o SNS e outros que, não estando convictos das suas virtudes, o pretendiam diminuir.
Hoje, presidente da Câmara de Matosinhos, realço a forma como temos trabalhado em conjunto com a Unidade Local de Saúde e com as autoridades de saúde, na defesa da população perante esta terrível pandemia que assola o planeta.
Amanhã… não deveremos esquecer o que todos sofremos e a necessidade de mantermos o SNS como uma das prioridades do desenvolvimento de Portugal. Haverá os que, no dia seguinte, procurarão demonstrar que o SNS deveria de ser minimizado. Mas os portugueses não se esquecerão deste momento, do momento em que as vidas de todos, sem exceção, estiveram dependentes do SNS. É o SNS, que mostrou resiliência, capacidade de organização e de resposta imediata, para lá de todas as dificuldades que possam ter surgido, que nos permite sonhar com o dia, que esperamos próximo, de regresso à normalidade e a essa liberdade que tanto, mas mesmo tanto, passamos a valorar.
Amanhã… não deveremos esquecer a forma extraordinária como a nossa comunidade escolar se adaptou a uma realidade absolutamente nova, com as escolas fechadas e os alunos confinados. Com uma atitude de espantoso e abnegado profissionalismo, todo o sistema de ensino se converteu, instantaneamente, para o ensino à distância. Aos professores, ficaremos para sempre em dívida pelo seu empenho absoluto num momento em que parecia impossível manter todo um vasto sistema educativo em funcionamento.
Amanhã… não deveremos esquecer o enorme exército de trabalhadores, em todas as áreas de atividade, dos setores público, social e privado, que se comportaram de forma exemplar, mantendo o país em funcionamento e assegurando todos os serviços vitais que nos permitiram viver com a tranquilidade possível esta fase da vida nacional.
Mas a crise económica que se prepara para varrer o planeta trará muitas dificuldades a muitos portugueses. Teremos de ser capazes de ser solidários e de garantir que recuperamos desta crise em conjunto, sem deixar ninguém para trás.
Na Assembleia da República, a celebração do 25 de abril deve ser um exercício diário. Um exercício de memória, um exercício de valores e um exercício de defesa das conquistas de abril. Cabe-nos a todos melhorar a democracia. A uns pelo voto, a grande arma do povo; a outros pelo honrar do património da nossa democracia e pelo trabalho em prol de quem nos elegeu, em nós confiando.
O 25 de abril, neste 46.º aniversário, merece ser comemorado com a mesma veemência com que o povo o celebrou nas ruas em 1974. Ainda que o confinamento nos remeta a uma comemoração mais individual, é importante que nos sintamos unidos na sua celebração, porque os valores de Abril são nossos!
A autora escreve segundo o novo acordo ortográfico