As forças contra a inércia

Um herói com propensão a tramas quase inverosímeis serve ao catalão Eduardo Mendoza para esboçar um quadro da Espanha franquista e do mundo nas décadas de 1960 e 1970.

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Uma melancolia mal disfarçada de um tempo histórico e das forças que o punham em movimento: a Espanha e o mundo dos 60s e 70s

Em O Rei Recebe — primeiro volume de uma anunciada trilogia titulada As Três Leis do Movimento — o catalão Eduardo Mendoza (n. 1943) volta a criar uma das suas típicas personagens masculinas, um herói com propensão a tramas quase inverosímeis e por vezes complexas. Desta vez é o jovem jornalista barcelonês Rufo Batalla, um homem vulgar que o acaso atirou para aventuras invulgares. E tudo começou na década de 1960: era o jovem Rufo um estagiário num jornal vespertino quando foi enviado para Maiorca para fazer a cobertura do casamento de um príncipe herdeiro exilado com uma senhora da alta sociedade. Como é comum em alguns romances de Mendoza — sobretudo naqueles que os críticos classificam como “divertimentos” — este “importante” acontecimento social não poderia correr de maneira normal para a personagem, e aí o leitor trava também conhecimento com o absurdo príncipe Tukuulo, herdeiro da coroa do reino da Livónia, então um território sob o jugo soviético. (As páginas dedicadas no romance à Livónia são um delicioso delírio cómico.)

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Em O Rei Recebe — primeiro volume de uma anunciada trilogia titulada As Três Leis do Movimento — o catalão Eduardo Mendoza (n. 1943) volta a criar uma das suas típicas personagens masculinas, um herói com propensão a tramas quase inverosímeis e por vezes complexas. Desta vez é o jovem jornalista barcelonês Rufo Batalla, um homem vulgar que o acaso atirou para aventuras invulgares. E tudo começou na década de 1960: era o jovem Rufo um estagiário num jornal vespertino quando foi enviado para Maiorca para fazer a cobertura do casamento de um príncipe herdeiro exilado com uma senhora da alta sociedade. Como é comum em alguns romances de Mendoza — sobretudo naqueles que os críticos classificam como “divertimentos” — este “importante” acontecimento social não poderia correr de maneira normal para a personagem, e aí o leitor trava também conhecimento com o absurdo príncipe Tukuulo, herdeiro da coroa do reino da Livónia, então um território sob o jugo soviético. (As páginas dedicadas no romance à Livónia são um delicioso delírio cómico.)