Não adie a vacinação

A propósito da Semana Europeia da Vacinação, que se assinala entre os dias 20 e 26 de Abril, importa reforçar a necessidade de dar continuidade ao calendário de vacinação.

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daniel rocha

As vacinas são os actos mais benéficos para a saúde que permitem salvar milhões de crianças de doenças graves, invalidantes e mortes, possibilitando assim não só um futuro melhor para as nossas crianças mas também para os adultos.

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As vacinas são os actos mais benéficos para a saúde que permitem salvar milhões de crianças de doenças graves, invalidantes e mortes, possibilitando assim não só um futuro melhor para as nossas crianças mas também para os adultos.

A propósito da Semana Europeia da Vacinação, que se assinala entre os dias 20 e 26 de Abril, importa reforçar a necessidade de dar continuidade ao calendário de vacinação.

No contexto de pandemia que atravessamos, é fundamental seguir as normas das autoridades de saúde e não atrasar as vacinas, pois as bactérias e vírus das doenças evitáveis por estas, continuam a circular entre nós.

Neste momento, o receio não se pode sobrepor à necessidade de vacinação. As unidades de saúde estão preparadas, com a implementação de medidas de segurança e criação de circuitos próprios, para a admissão segura de quem vai fazer a vacinação. É crucial manter o plano nacional de vacinação (PNV).

Como referido no nosso excelente PNV as vacinas “promovem a equidade, proporcionam igualdade de oportunidades, protegem a saúde e previnem doenças, independentemente do género, da etnia, da cor da pele, da religião, do estatuto social, dos rendimentos familiares ou das ideologias”.

Uma elevada taxa de vacinação permite não só proteger o indivíduo, mas também todas as outras crianças que o rodeiam, através da imunidade de grupo, que impede a circulação do vírus ou bactéria em causa na comunidade. Esta protecção estende-se aos adultos que não tenham sido vacinados ou que já tenham uma imunidade reduzida para estas doenças.

A covid-19 é a prova de que não estamos a coberto de qualquer infecção, mesmo que esta surja em países longínquos, pois hoje, mais que nunca, temos que pensar na imunidade de grupo a nível mundial dada a facilidade de deslocações entre países.

Se não mantivermos uma cobertura vacinal elevada, as doenças preveníveis surgirão novamente no nosso país.

As vacinas são seguras. São necessários muitos meses e anos para desenvolver uma vacina, que passa por diferentes fases até chegar à comercialização. A maioria das reacções vacinais são leves e facilmente controláveis, como seja a febre e a dor no local da administração.

Presentemente o nosso PNV protege-nos de 14 doenças provocadas por vírus ou bactérias (tuberculose, hepatite B, difteria, tétano, tosse convulsa, poliomielite, doença invasiva por Haemophilus influenzae do serotipo b, infecções por Streptococcus pneumoniae, doença invasiva por Neisseria meningitidis do grupo C, sarampo, parotidite epidémica e rubéola, HPV).

A partir de 1 de Outubro de 2020 será introduzida a vacina meningocócica B para todas as crianças, no primeiro ano de vida, a vacina HPV para todos os rapazes aos 10 anos de idade e a vacina contra o rotavírus nos primeiros meses de vida.

As mulheres grávidas devem fazer a vacina contra o tétano, difteria e tosse convulsa, entre as 20 e as 36 semanas de gestação, conducente a proteger o bebé nos dois primeiros meses antes de este iniciar o seu PNV. Esta vacina deve ser repetida em todas as gravidezes.

Antes dos 12 meses de idade, excepto a BCG, as vacinas são inoculadas na coxa. A partir dessa idade são inoculadas na parte superior do braço. Esta informação é importante para que os pais vistam as crianças com roupas fáceis de despir e vestir de acordo com o local de inoculação, diminuindo, nesta época de pandemia, o tempo de permanência no local de vacinação.

Felizmente já temos uma cobertura razoável das actuais vacinas extra plano. Estas são adquiridas na farmácia por prescrição médica. Poderão ser compradas dias antes e guardadas no frigorífico, na prateleira do meio, ou compradas no momento em que se desloque para a unidade de saúde. Se a distância para o hospital ou centro de saúde for superior a uma hora deverão ser transportadas num saco isotérmico com um acumulador de frio, sem contacto directo para evitar que congelem.

Se deixou passar um momento de vacinação, assim que possível dirija-se a um centro de vacinação para regularizar o calendário de vacinas.

Acima de tudo confie nas instituições de saúde, que são seguras e estão preparadas para minimizar o risco de contágio do coronavírus, ou outros, e não atrase a vacinação, principalmente nos primeiros 12 meses de vida. Para além da vacinação, as doenças agudas devem ser igualmente motivo de procura dos profissionais de saúde, pois estamos a observar situações mais graves pela demora dos pais em procurar ajuda.