As crianças-Rambo da Colômbia

Conversa com o cineasta colombiano Alejandro Lanes sobre esta peculiar reflexão sobre a memória da guerra civil colombiana, temperada por alusões a mitologias várias que abrem a História à abstracção. Nos serviços streaming Filmin a partir de 23 de Abril.

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Começa-se no topo de uma serra colombiana, com um grupo de miúdos que conversa de forma não muito diferente da de qualquer grupo de miúdos à conversa num pátio de liceu. Mas não é um liceu, os miúdos têm armas e os assuntos da guerra depressa vêm reencaminhar a conversa e militarizar-lhes a pose. Percebemos, então, que trabalham para uma Organização nunca definida com mais precisão do que este genérico nome e que têm por missão guardar uma médica americana que a Organização raptou. Observando a lógica e a dinâmica do grupo, o modo como identidades e relações de poder flutuam em razão das circunstâncias, o balanço entre a juventude das personagens e o horror das tarefas e missões que se vêem na obrigação de cumprir, Monos, terceiro filme do colombiano Alejandro Landes, é uma peculiar reflexão, muito arrefecida, sobre a memória da guerra civil colombiana, temperada por alusões a mitologias várias (do Senhor das Moscas ao Coração das Trevas, sem esquecer a personagem, aliás de género ambíguo, com a alcunha de Rambo) que vêm sombrear o “contexto” e abrir a história (ou a História) a uma certa abstracção.

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Começa-se no topo de uma serra colombiana, com um grupo de miúdos que conversa de forma não muito diferente da de qualquer grupo de miúdos à conversa num pátio de liceu. Mas não é um liceu, os miúdos têm armas e os assuntos da guerra depressa vêm reencaminhar a conversa e militarizar-lhes a pose. Percebemos, então, que trabalham para uma Organização nunca definida com mais precisão do que este genérico nome e que têm por missão guardar uma médica americana que a Organização raptou. Observando a lógica e a dinâmica do grupo, o modo como identidades e relações de poder flutuam em razão das circunstâncias, o balanço entre a juventude das personagens e o horror das tarefas e missões que se vêem na obrigação de cumprir, Monos, terceiro filme do colombiano Alejandro Landes, é uma peculiar reflexão, muito arrefecida, sobre a memória da guerra civil colombiana, temperada por alusões a mitologias várias (do Senhor das Moscas ao Coração das Trevas, sem esquecer a personagem, aliás de género ambíguo, com a alcunha de Rambo) que vêm sombrear o “contexto” e abrir a história (ou a História) a uma certa abstracção.