Recurso à GNR foi hipótese para garantir segurança da Ota

Centro de Formação Militar e Técnica da Força Aérea, com um centro de acolhimento pensado para idosos, adaptou-se em seis horas para receber migrantes.

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Ministro Gomes Cravinho na base do Alfeite LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

O recurso à GNR foi pensado para garantir a segurança das instalações da base militar da Força Aérea, na Ota, para onde foram transferidos 171 migrantes, alguns à espera de lhes ser concedido o estatuto de refugiado, que residiam num hostel da Morais Soares, no bairro lisboeta de Arroios.

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O recurso à GNR foi pensado para garantir a segurança das instalações da base militar da Força Aérea, na Ota, para onde foram transferidos 171 migrantes, alguns à espera de lhes ser concedido o estatuto de refugiado, que residiam num hostel da Morais Soares, no bairro lisboeta de Arroios.

Esta possibilidade chegou a estar em cima da mesa na coordenação da transferência daquelas pessoas para o Centro de Formação Militar e Técnica da Força Aérea, na Ota, que se encontra vazio, pois os alunos formandos regressaram a casa. 

Apesar de, desde 18 de Abril, os militarem terem condições pensadas para receber idosos, só na manhã desta segunda-feira, quando o ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, revelou ao PÚBLICO o destino dos até então residentes no hostel, a Força Aérea ficou a saber que os ia receber.

Como não havia efectivos suficientes para a segurança e perante a mobilização de outras forças militares em acções contra o novo coronavírus, a utilização dos efectivos da GNR, que fez a escolta da coluna de autocarros ao princípio da noite desta segunda-feira de Lisboa para a Ota, foi equacionada.

Uma situação pouco comum, a de ser uma força de segurança a garantir a vigilância de instalações militares, que acabou por ser resolvida com o recurso a um grupo de 15 fuzileiros, como afirmou nesta terça-feira na Assembleia da República na comissão parlamentar de Defesa Nacional, o Chefe do Estado-Maior General das forças Armadas, almirante Silva Ribeiro.

Além daquela quinzena de elementos da Armada, também foram mobilizados páraquedistas em número idêntico, reforçando os efectivos da Força Aérea da Ota. Deste modo, estão envolvidos os três ramos.

O porta-voz da Força Aérea admitiu nesta manhã, ao PÚBLICO, que não tinham capacidade para garantir a segurança de um tal número de pessoas, 171, das quais 138 infectadas com covid-19, e de 29 nacionalidades e um apátrida. “Nunca houve qualquer oposição da Força Aérea, aliás fomos informados de manhã e ao fim da tarde já cá estavam”, recordou. “É desajustado e injusto dizer o contrário”, acentuou.

A reconversão do Centro de Formação Militar e Técnica da Força Aérea para responder à pandemia tinha sido pensada para um centro de acolhimento de rectaguarda, desenhado para idosos, e não de utentes da linha da frente.

O número de migrantes, a maior parte jovens, na maioria da Gâmbia, Guiné-Bissau e Senegal, e a necessidade de garantir a sua protecção, determinaram este esquema de segurança. “Não somos força de segurança, apenas garantimos o confinamento”, concluiu mesmo responsável.

Na manhã desta quarta-feira, o ministro da Defesa Nacional e a secretária de Estado para a Integração e as Migrações, Cláudia Pereira, visitaram a Ota. “Destaco a reacção extremamente rápida da Forças Aérea Portuguesa para acolher estes migrantes à espera de asilo”, realçou Gomes Cravinho.

“Quero expressar o meu agradecimento aos militares pela forma como souberam responder a esta situação e se adaptaram em seis horas”, prosseguiu o titular da pasta da Defesa Nacional.

O ministro recordou que várias entidades estiveram envolvidas na solução, do secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, responsável pela coordenação da luta à pandemia em Lisboa e Vale do Tejo, à Câmara de Alenquer - activa no fornecimento de bens - e à Protecção Civil, passando pelas autoridades de Saúde e à secretaria de Estado para a Integração e as Migrações.