Médico brasileiro morre depois de tomar hidroxicloroquina para curar a covid-19
As autoridades de saúde dizem que o médico foi diagnosticado com covid-19 no dia 18 e teve uma paragem respiratória dois dias depois.
Um médico do estado brasileiro da Bahia morreu na segunda-feira de ataque cardíaco, depois de ter tomado hidroxicloroquina durante quatro dias para curar a covid-19. A morte do médico, de nome Gilmar Calazans Lima, foi confirmada pelo secretário da Saúde do governo estadual, Fábio Vilas Boas.
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Um médico do estado brasileiro da Bahia morreu na segunda-feira de ataque cardíaco, depois de ter tomado hidroxicloroquina durante quatro dias para curar a covid-19. A morte do médico, de nome Gilmar Calazans Lima, foi confirmada pelo secretário da Saúde do governo estadual, Fábio Vilas Boas.
Vilas Boas criticou a vítima pois, disse, por ser médico tinha tido acesso a hidroxicloroquina e a azitramicina. Porém, a família do médico argumenta que a medicação foi prescrita por outro profissional de saúde e acusou o secretário da Saúde de fazer declarações “caluniosas” e “irresponsáveis”.
Segundo o jornal Folha de São Paulo, que diz ter tido acesso à receita, a prescrição foi assinada pelo médico Rafael Araújo. A secretaria de Saúde veio confirmar que o documento é verdadeiro, mas nenhum dos médicos agiu dentro dos parâmetros legais, que prevêem que os medicamentos são exclusivos para doentes com covid-19 internados.
Gilmar Calazans Lima era hipertenso e diabético. Trabalhava no hospital regional Costa de Cacau, em Ilhéus. Teve os primeiros sintomas da doença a 10 de Abril e fez os testes a 16 de Abril no mesmo hospital. Soube que estava infectado dois dias depois.
Começou por sentir dores de cabeça, que evoluíram para febre e falta de ar. Depois de tomar uma combinação de hidroxicloroquina, foi melhorando, até que no dia 20 de Abril deu entrada no hospital com uma paragem respiratória, acabando por morrer de paragem cardíaca.
Os médicos têm avisado para os riscos que a hidroxicloroquina tem em doentes cardiovasculares. O secretário da Saúde da Bahia disse que “é sabido que a cloroquina e a hidroxicloroquina podem levar a arritmias cardíacas graves potencialmente fatais”. O uso destes medicamentos foi autorizado na Bahia a 8 de Abril, apenas para pessoas internadas. A secretaria de Saúde avisa que vários exames têm de ser feitos antes de se poder utilizar.
A Folha de São Paulo diz ainda que Gilmar Calazans Lima é o primeiro profissional de saúde a morrer com a covid-19 neste estado.