China apoia “firmemente” a detenção dos activistas pró-democracia de Hong Kong

Pequim diz que as detenções de 15 pessoas ligadas ao movimento pró-democracia foram feitas com base em “factos objectivos” e na “aplicação da lei”. E acusa Reino Unido e Estados Unidos de interferência.

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Símbolo chinês à entrada da representação de Pequim em Hong Kong JEROME FAVRE/Reuters

A China deu esta terça-feira um forte apoio à decisão do governo de Hong Kong de prender 15 activistas e afirmou que alguns “radicais” na cidade se mostram cegos à interferência de forças exteriores, numa referência aos Estados Unidos e ao Reino Unido.

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A China deu esta terça-feira um forte apoio à decisão do governo de Hong Kong de prender 15 activistas e afirmou que alguns “radicais” na cidade se mostram cegos à interferência de forças exteriores, numa referência aos Estados Unidos e ao Reino Unido.

A polícia de Hong Kong deteve 15 activistas após rusgas realizadas no sábado, que incluem políticos veteranos, um magnata dos media e advogados de topo, naquela que é a maior repressão ao movimento pró-democracia no território desde os protestos massivos do ano passado, que mereceram a condenação de Washington e Londres.
Foram detidos com base em acusações de “reunião ilegal”.

O gabinete chinês para os Assuntos de Hong Kong e Macau disse que as acções da polícia no antigo território britânico foram realizadas em concordância com as provas que reuniu e resultaram de “medidas de aplicação da lei normais” para garantir o cumprimento da lei e da ordem.

“Apoiamos firmemente esta acção”, defendeu o gabinete, num comunicado, dizendo que as críticas de EUA e dos britânicos não tomaram em consideração os “factos objectivos” sobre os protestos ilegais e as actividades violentas que tiveram lugar em Hong Kong.

Tal posição “demonstra, uma vez mais, a conspiração política das forças norte-americanas e britânicas para apoiarem e incentivarem determinadas forças anti-China e pró-caos em Hong Kong”, disse o gabinete chinês. 

Alguma oposição e “elementos radicais” em Hong Kong difamam o governo central a cada oportunidade que têm, dizendo que este interfere com o elevado grau de autonomia do território, referiu ainda.

“Mas ignoram a intervenção de forças exteriores nos assuntos internos de Hong Kong, incluindo na aplicação da lei pela polícia, junto das autoridades jurídicas e nos julgamentos judiciais. Procuram mesmo que países estrangeiros sancionem Hong Kong”, acrescentou o gabinete. “Fazem isto para confundir o certo com o errado e usam critérios duplos. Não é extraordinário?”

A China continua a apoiar firmemente a polícia e as autoridades judiciais de Hong Kong e irá salvaguardar a soberania nacional, a segurança, a prosperidade e a estabilidade a longo de prazo de Hong Kong, disse ainda o órgão chinês.

Hong Kong regressou ao domínio de Pequim em 1997, sob a fórmula “um país, dois sistemas”, que lhe garantiria mais liberdades do que o resto da China Continental e um alto grau de autonomia. Mas muita gente no território defende que a China não está a cumprir essas promessas

O aumento das detenções surge numa altura em que se estão a agravar os receios em relação à pressão de Pequim sobre o sistema judicial independente de Hong Kong.

Três juízes de topo de Hong Kong disseram à Reuters que a independência do sistema judicial está a sob assalto da liderança do Partido Comunista chinês. O poder judicial, garantiram, está a lutar pela sua sobrevivência.

As detenções de sábado foram levadas a cabo depois de vários meses de relativa acalmia no território, em grande medida devido à quarentena parcial decretada por causa do coronavírus, e foram acompanhadas por novo impulso, liderado pelas autoridades chinesas e locais, para se aprovarem medidas securitárias mais duras para a cidade.