Dos 284 casos de violência no namoro, 11,6% das vítimas correram risco de vida
Dados do Observatório da Violência no Namoro revelam que, em 46,8% dos casos, os agressores ainda namoram com as vítimas, e em 52,5% dos casos são ex-namoradas. A média de idades das vítimas é de 23 anos.
O Observatório da Violência no Namoro (ObVN) recebeu, nos últimos três anos, 284 denúncias, das quais 266 de jovens mulheres, sendo que 91,9% dos agressores são homens. Em 11,6% das situações relatadas, as vítimas correram risco de vida.
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O Observatório da Violência no Namoro (ObVN) recebeu, nos últimos três anos, 284 denúncias, das quais 266 de jovens mulheres, sendo que 91,9% dos agressores são homens. Em 11,6% das situações relatadas, as vítimas correram risco de vida.
Segundo dados recolhidos pelo ObVN, das 284 denúncias recebidas, 140 foram feitas por ex-vítimas, 115 por testemunhas e 29 por actuais vítimas. As vítimas de violência são quase na sua totalidade do sexo feminino (89,7%) e os agressores são jovens homens (91,9%), com uma média de idades de 25 anos.
Os dados revelam ainda que, em 46.8% dos casos, os agressores ainda namoram com as vítimas, e em 52.5% dos casos são ex-namoradas. A média de idades das vítimas é de 23 anos, 92,3% são portuguesas e 89,1% são heterossexuais; 59.5% são estudantes.
O local de maior incidência da violência é a habitação (69.7%), seguido da rua (51.8%), estabelecimento público (por exemplo café ou discoteca) (32%) e escola/faculdade (26.4%). Em 27,5% das situações de violência relatada foi praticada online.
As tipologias de violência mais relevantes, segundo as denúncias, são a violência psicológica (84.5%), a violência emocional (82%), a violência verbal (80.3%), seguida da perda de controlo (63.7%). A violência física foi relatada em 48.6% das situações, seguida pela violência social (35.6%), perseguição (32.7%) e depois a violência sexual (22.5%).
Em 14.4% dos casos as vítimas dizem ter sido alvo de ameaças de morte. Indicam os dados que 20.4% das vítimas necessitaram de receber tratamento médico e 2.8% foram hospitalizadas em consequência da agressão sofrida.
Quanto às principais causas apontadas para a existência de violência durante o namoro, os denunciantes destacaram o ciúme em 70.8% das situações, problemas mentais da pessoa agressora (37%), o consumo de álcool ou de outras substâncias pelo agressor (22.5%) e os problemas familiares (19.5%). Também a conduta da vítima foi referida em 18% das queixas, seguida da influência dos amigos (14.1%) e as dificuldades económicas da pessoa agressora (9.9%).
Os crimes ocorreram, em 43% dos casos, no Porto, 15.5% das situações verificaram-se em Lisboa e 7.7% dos casos em Braga. Segundo a plataforma de denúncia informal de situações de violência no namoro, vividas directamente ou testemunhadas por terceiros, 77.5% das situações não foram denunciadas às autoridades.
O Observatório da Violência no Namoro é uma iniciativa da Associação Plano i no âmbito do Programa UNi+, financiado pela Secretaria de Estado para a Cidadania e Igualdade, nos dois primeiros anos, e pelo Fundo Social Europeu no âmbito do Programa Operacional Inclusão Social e Emprego POISE do Portugal 2020.