Aceleração do crescimento de novos casos de covid-19 na Rússia preocupa Kremlin
Há seis dias consecutivos que o número de novas infecções bate recordes. China também receia chegada de mais casos importados da Rússia.
A propagação do novo coronavírus na Rússia está a acelerar de forma dramática nos últimos dias e aproxima-se a passos largos do cenário do resto da Europa. Esta semana, o Presidente Vladimir Putin disse aos dirigentes mais próximos para se prepararem para os cenários “mais complexos e extraordinários”.
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A propagação do novo coronavírus na Rússia está a acelerar de forma dramática nos últimos dias e aproxima-se a passos largos do cenário do resto da Europa. Esta semana, o Presidente Vladimir Putin disse aos dirigentes mais próximos para se prepararem para os cenários “mais complexos e extraordinários”.
A Rússia contabiliza pouco mais de 32 mil casos confirmados de infecção pela covid-19 e 273 mortes – números que continuam muito abaixo do que é registado na maioria dos países europeus. Mas é a tendência de crescimento acelerado do número de casos que está a alarmar os responsáveis russos. Há seis dias consecutivos que o número de novas infecções bate recordes: de quinta para sexta-feira houve mais de quatro mil novos casos.
O epicentro é em Moscovo, que concentra mais de 18 mil casos e onde os seus 12 milhões de habitantes estão sujeitos a um rígido regime de confinamento, podendo apenas sair de casa apenas para actividades urgentes.
Os dados oficiais escondem, porém, uma grande subnotificação, de acordo com as conclusões dos testes realizados por quatro laboratórios privados. Desde o fim de Março que os laboratórios começaram a distribuir testes de baixo custo pela população assintomática e sem historial de viagens recentes ou contacto com pacientes infectados. As conclusões apontam para uma taxa de infecção neste sector da população entre 1 e 5%, diz a Reuters.
O Governo russo não comentou os resultados obtidos pelos laboratórios e garante que está a fazer testes em larga escala. Segundo o Kremlin, a Rússia é um dos países que realizou mais testes, com 1,7 milhões, mas alguns especialistas duvidam da sua fiabilidade.
A evolução do novo coronavírus tem obrigado a vários ajustamentos políticos, como o adiamento do referendo que o Governo queria fazer às alterações constitucionais que vão permitir que Putin permaneça mais tempo no poder. Esta semana também se decidiu adiar as comemorações do Dia da Vitória, a 9 de Maio, que este ano celebram 75 anos da vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazi na II Guerra Mundial. Este é um dos feriados mais importantes na Rússia, onde a campanha no conflito mundial continua a ser uma base forte de apoio do regime.
Numa reunião com vários dirigentes próximos, Putin admitiu que a situação na Rússia está a evoluir de forma mais preocupante que o antecipado. “Temos muitos problemas e nada de especial com que nos gabar, e definitivamente não podemos desleixar-nos”, afirmou o Presidente russo, citado pelo Guardian.
Se há um mês a posição do Kremlin era de que a propagação de covid-19 no país estava controlada, hoje Putin admite que a situação “muda praticamente todos os dias e, infelizmente, não para melhor”. O chefe de Estado pediu aos seus aliados para que “considerem todos os cenários sobre como a situação irá desenvolver-se, mesmo os mais complexos e extraordinários”.
A propagação do coronavírus na Rússia está a levantar preocupação também na China, que tenta conter novos surtos. No início da semana, as autoridades de saúde chinesas disseram que dos 89 novos casos importados, 79 eram provenientes da Rússia.
Várias cidades chinesas na fronteira com a Rússia têm adoptado medidas restritivas na fronteira e impuseram quarentenas. Em Suifenhe e Heilongjiang, capital da província de Harbin, é obrigatório o isolamento por 28 dias e testes para quem chegue do estrangeiro.
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