Táxis fluviais devem chegar ao Tejo dentro de ano e meio
Associação de Turismo de Lisboa concluiu estudo que contraria a previsão inicial de que neste Verão já podia haver oferta. Investimento ronda os seis milhões de euros e há até interessados em montar hotéis no rio.
Ainda vai ser preciso esperar sensivelmente um ano e meio para ver os primeiros táxis-barco a cruzar o Tejo. A Associação de Turismo de Lisboa (ATL) já terminou o estudo sobre a futura rede de pontões no estuário e concluiu que as obras necessárias deverão durar 15 meses e ter um custo a rondar os seis milhões de euros.
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Ainda vai ser preciso esperar sensivelmente um ano e meio para ver os primeiros táxis-barco a cruzar o Tejo. A Associação de Turismo de Lisboa (ATL) já terminou o estudo sobre a futura rede de pontões no estuário e concluiu que as obras necessárias deverão durar 15 meses e ter um custo a rondar os seis milhões de euros.
O estudo, a que o PÚBLICO teve acesso e que será brevemente levado a reunião na Câmara de Lisboa, foi terminado em Março e sublinha que o prazo estimado “é para a totalidade das intervenções”, podendo começar a funcionar os pontões que entretanto ficarem prontos. O calendário, diz também o documento, está ainda sujeito às consequências que advierem da pandemia de covid-19.
O projecto da Rede Cais do Tejo foi apresentado publicamente em Janeiro pela ATL e pela câmara, seguindo uma ideia proposta por Teresa Leal Coelho, vereadora do PSD. Nessa ocasião, Leal Coelho mostrou-se confiante de que neste Verão já seria possível apanhar um táxi ou um Uber aquático para ir de Lisboa à Caparica, mas as contas da ATL apontam para 2021 o arranque das obras. Primeiro é preciso que este estudo seja aprovado em câmara, depois há que contar com dois meses para preparação e aprovação das candidaturas ao Fundo de Desenvolvimento Turístico de Lisboa, alimentado pela taxa turística, mais quatro meses para projectos, três para concursos e seis para obras.
O projecto de rede sofreu algumas alterações nos últimos três meses. Caiu a ideia de criar já pontões no Montijo e na Matinha (Lisboa) e a utilização do Cais do Sodré ainda vai ser avaliada. Em Almada, o ancoradouro previsto para o Ginjal foi substituído por um no Olho de Boi, enquanto o que se prevê para Porto Brandão vai ser construído por um operador turístico que já trabalha no Tejo.
O centro da operação mantém-se na Estação Sul e Sueste e na Doca da Marinha, junto à Praça do Comércio, em Lisboa, que já estão em obras há vários meses para se transformarem no novo terminal da actividade marítimo-turística da cidade. Na margem lisboeta haverá ainda outros três cais – Belém, Parque das Nações e Alcântara – que já estavam previstos, mas de que agora se conhecem mais detalhes.
O de Belém será o mais complexo. A ideia é aproveitar uma estrutura que já existe perto da estação fluvial e aí criar um pontão específico, bilheteiras, um posto de informação, um quiosque e casas de banho. Prevê-se que os trabalhos custem à volta de 1,7 milhões de euros.
O mesmo tipo de intervenção está previsto para o cais do Parque das Nações, que já existe nas traseiras da Altice Arena e do Pavilhão de Portugal. Aqui é preciso reabilitar o cais e dragar aquela zona de rio, bem como fazer obras nos quiosques que lá existem, numa intervenção com orçamento de 950 mil euros. Já o pontão de Alcântara vai ser criado quase por baixo da Ponte 25 de Abril e representa um investimento de 1,2 milhões de euros.
Um barco-hotel no Tejo?
“Temos de transformar o Tejo numa via estruturante. É uma desolação, o rio está sempre vazio”, afirmou Teresa Leal Coelho na apresentação do projecto. A ideia constava do seu programa eleitoral em 2017 e foi bem acolhida por Fernando Medina, por Vítor Costa, director-geral da ATL – e, segundo a vereadora, pelo mercado. “Até hoje não se potenciou a dinamização do Tejo, que trará enormes vantagens para a mobilidade, para a economia e para o desenvolvimento regional. A Uber mostrou-se bastante interessada”, disse então.
O estudo da ATL não fala em empresas específicas, mas diz que os seus associados “manifestaram o maior interesse” e que houve “inúmeras reuniões com possíveis interessados”, em que se incluem operadores marítimo-turísticos e de táxis-barcos, mas também de “barcos-casa, barcos-hotéis, hovercrafts” e até de empresas interessadas em instalar redes de fornecimento de energia para barcos eléctricos.
Segundo o documento, o pontão do Montijo é retirado da primeira fase porque “só se justificará no âmbito do aeroporto” e o da Matinha é adiado para quando “as urbanizações envolventes” estiverem mais avançadas.
Em Cacilhas ficará, como já estava previsto, um dos cais principais da rede, a instalar num pontão cedido pela Transtejo ao lado da estação fluvial. A obra está orçada em 708 mil euros. Ainda no concelho de Almada será criado um pontão no Olho de Boi, junto ao elevador panorâmico que liga à parte velha da cidade, cujas obras devem rondar os 765 mil euros. Exactamente o mesmo valor previsto para a reabilitação do cais da Trafaria. O orçamento total do projecto é, para já, de seis milhões de euros, em grande parte (60%) provenientes das receitas da taxa turística de Lisboa.