Covid-19: Câmara de Lisboa mantém suspensão da recolha selectiva de resíduos
A decisão de suspensão da recolha porta a porta de papel e plástico foi anunciada em 20 de Março pelo município, que informava que passariam apenas a ser recolhidos os resíduos indiferenciados três vezes por semana.
A Câmara de Lisboa avançou nesta quinta-feira que manterá a suspensão da recolha selectiva de resíduos porta a porta enquanto durar a pandemia de covid-19, contrariando uma recomendação da Comissão Europeia que defende a continuidade da reciclagem.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A Câmara de Lisboa avançou nesta quinta-feira que manterá a suspensão da recolha selectiva de resíduos porta a porta enquanto durar a pandemia de covid-19, contrariando uma recomendação da Comissão Europeia que defende a continuidade da reciclagem.
Numa resposta escrita enviada à agência Lusa, a autarquia, liderada por Fernando Medina (PS), argumenta que a suspensão da recolha selectiva porta a porta resulta “do plano de contingência para responder ao surto pandémico de covid-19” e enquadra-se nas recomendações da Direcção-Geral da Saúde, da Agência Portuguesa do Ambiente e da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos.
A recolha de resíduos para reciclagem continua, porém, a ser feita nos ecopontos e eco-ilhas, tendo já a câmara “divulgado e disponibilizado a respectiva geolocalização na cidade através das redes sociais”, realça a mesma informação.
De acordo com um documento divulgado na terça-feira, intitulado “Gestão de resíduos no contexto da crise do coronavírus”, a Comissão Europeia recomenda a continuidade da recolha selectiva e da reciclagem de resíduos.
“A continuidade geral de serviços adequados de gestão de resíduos urbanos, incluindo a recolha selectiva e a reciclagem, deve ser salvaguardada”, afirma, no documento, o comissário europeu para o Ambiente, Oceanos e Pescas, Virginijus Sinkevicius.
Na quarta-feira, a associação ambientalista Zero reforçou a mensagem europeia, considerando o documento “bastante esclarecedor quanto à importância de se continuar com a recolha selectiva e a segurança que este processo possui, apesar da actual pandemia de covid-19”.
A associação portuguesa salienta que “não existe actualmente qualquer evidência que permita inferir que os procedimentos normais para a gestão de resíduos sejam inseguros ou insuficientes em termos de prevenção da infecção por covid-19 ou ainda que os resíduos urbanos tenham um papel importante na transmissão do SARS-CoV-2 ou de outros vírus que afectem o aparelho respiratório”.
A decisão de suspensão da recolha porta a porta de papel e plástico foi anunciada em 20 de Março pelo município, que informava que passariam apenas a ser recolhidos os resíduos indiferenciados três vezes por semana, de modo a “garantir a protecção da saúde pública e dos trabalhadores envolvidos nas operações de recolha e tratamento de resíduos e, em simultâneo, controlar os factores de disseminação da doença e contágio por covid-19”.
De acordo com uma notícia emitida pela TSF na quarta-feira, a associação ambientalista Zero “lamenta a atitude da Câmara Municipal de Lisboa, que foi a única do país a cancelar a recolha selectiva de resíduos porta a porta” e pede à autarquia uma revisão de posição.
Questionada sobre um eventual retomar da recolha selectiva, tendo em conta a recomendação da Comissão Europeia e o facto de Lisboa ser Capital Verde Europeia 2020, a autarquia lisboeta afirma na resposta dada nesta segunda-feira à Lusa que, “como já foi explicado” anteriormente, estas “medidas duram enquanto durar a pandemia”.
“Serão reavaliadas quando estiverem reunidas as condições para retomar a recolha de resíduos nos termos habituais”, acrescenta a mesma informação.
“Atravessamos a maior crise de saúde pública em 100 anos e, como temos referido em toda a nossa comunicação, a prioridade da CML [Câmara Municipal de Lisboa] é proteger a saúde pública dos lisboetas e dos trabalhadores da higiene urbana”, reforça o município.