Covid-19: Moody’s altera perspectiva da banca portuguesa para negativo

Agência estima que “a rentabilidade dos bancos enfraquecerá devido ao aumento das provisões para perdas com empréstimos e ao crescimento reduzido dos empréstimos”.

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Faria de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de bancos, já admitiu prejuízos no sector Ricardo Lopes

A agência de notação financeira Moody’s alterou esta quinta-feira a perspectiva da banca portuguesa de estável para negativa, numa avaliação ao sistema bancário de nove países europeus à luz da pandemia de covid-19.

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A agência de notação financeira Moody’s alterou esta quinta-feira a perspectiva da banca portuguesa de estável para negativa, numa avaliação ao sistema bancário de nove países europeus à luz da pandemia de covid-19.

O Serviço de Investidores da Moody’s fez uma revisão das perspectivas de nove sistemas bancários europeus à luz da pandemia de coronavírus e, a par de Portugal, alterou para negativa a perspectiva da Noruega, Finlândia, Hungria (antes era estável) e Eslováquia (de positiva para negativa).

As perspectivas para os outros quatro sistemas bancários analisados - República Checa, Polónia, Áustria e Irlanda - permaneceram estáveis.

“A mudança na perspectiva dos sistemas bancários norueguês, finlandês, húngaro e português de estável para negativo reflecte a nossa expectativa de que todos os quatro países experimentem uma forte contracção no crescimento económico”, justifica a Moody’s.

A agência de notação financeira acrescenta que, naqueles casos, “a rentabilidade dos bancos enfraquecerá devido ao aumento das provisões para perdas com empréstimos e ao crescimento reduzido dos empréstimos”.

As mudanças nas perspectivas espelham o que a Moody’s espera que sejam as prováveis consequências do surto de coronavírus na Europa.

A Moody's projecta uma contracção cumulativa da economia no primeiro e no segundo trimestres de 2020.

Porém, considera que, apesar das medidas de política fiscal e monetária de apoio que “provavelmente” vão ajudar a recuperação com crescimento acima da tendência nos trimestres subsequentes e em 2021, “é improvável que a perda de produção no segundo trimestre” seja recuperada.

Assim, os créditos problemáticos dos bancos vão aumentar, diz, e o aumento das provisões para perdas com empréstimos vai reduzir a rentabilidade, que no caso da maioria dos bancos europeus, já é baixa, relativamente aos pares globais.

A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 133 mil mortos e infectou mais de dois milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 436 mil doentes foram considerados curados.

Em Portugal, morreram 599 pessoas das 18.091 registadas como infectadas.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detectado no final de Dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa quatro mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando sectores inteiros da economia mundial.