Polícia de Moçambique detém “Fuminho”, um dos maiores traficantes do Brasil
Gilberto Aparecido dos Santos é considerado o braço-direito do chefe da organização criminosa Primeiro Comando da Capital. Estava em Moçambique para expandir a rede de tráfico de droga em África.
Um dos principais traficantes de cocaína no Brasil, Gilberto Aparecido dos Santos, tido como braço-direito do chefe da organização criminosa Primeiro Comando da Capital e mais conhecido como “Fuminho”, foi detido esta semana em Moçambique. Estava em fuga há 21 anos, depois de ter escapado da antiga cadeia do Carandiru, em 1999, e deve ser extraditado para o Brasil nos próximos dias.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Um dos principais traficantes de cocaína no Brasil, Gilberto Aparecido dos Santos, tido como braço-direito do chefe da organização criminosa Primeiro Comando da Capital e mais conhecido como “Fuminho”, foi detido esta semana em Moçambique. Estava em fuga há 21 anos, depois de ter escapado da antiga cadeia do Carandiru, em 1999, e deve ser extraditado para o Brasil nos próximos dias.
“Fuminho”, que deve a sua alcunha a um erro da polícia na leitura de uma mensagem trocada entre prisioneiros, em que era tratado por “Fininho”, é suspeito de ser o maior fornecedor de cocaína para o Primeiro Comando da Capital, uma organização criminosa formada nas cadeias de São Paulo no início da década de 1990 e que se tornou num dos maiores grupos de tráfico de droga em todo o Brasil.
É também acusado pela polícia de coordenar o tráfico de droga para o Brasil e outros países com a poderosa ‘Ndrangheta, a máfia calabresa.
Segundo os jornais brasileiros, “Fuminho” foi detido em Maputo na segunda-feira, quando regressava ao hotel onde estava hospedado depois de uma ida ao hospital para ser tratado a ferimentos numa perna. Na operação, coordenada pelas polícias de Moçambique, Brasil, Estados Unidos e Interpol, foram também detidos dois cidadãos nigerianos.
O Brasil tem 40 dias a partir da data da detenção para pedir a extradição do suspeito, o que deverá acontecer ainda esta semana. “Fuminho” foi detido em Moçambique por posse de droga e por uso de passaporte falso, e só no Brasil poderá ser acusado de tráfico de droga e outros crimes violentos.
As autoridades brasileiras acreditam que o suspeito estava em Moçambique para reforçar a sua operação de tráfico em África, e que a escolha do país se deveu à facilidade de comunicação na língua portuguesa.
Aos 49 anos de idade, “Fuminho” é considerado o braço-direito do principal líder do Primeiro Comando da Capital, Marcos Willians Camacho, conhecido como “Marcola”. Os dois são amigos de infância, mas as autoridades brasileiras dizem que o suspeito detido esta semana em Moçambique não integra formalmente a organização criminosa com sede em São Paulo.
Para além de coordenar o tráfico de droga no Brasil a partir da Bolívia e do Paraguai – onde viveu antes de chegar a Moçambique, em Março deste ano –, é acusado de ordenar execuções e de planear a fuga do chefe do PCC, no ano passado.
“Marcola”, que cumpre uma pena de prisão de 330 anos, seis meses e 24 dias, foi transferido para uma cadeia de alta segurança em Brasília, em Fevereiro de 2019. Um mês antes, a polícia interceptara um plano para a sua libertação, cuja coordenação foi atribuída a “Fuminho”, e que envolvia o uso de dois aviões e um helicóptero caracterizados com as cores da Polícia Militar de São Paulo.
Se for extraditado para o Brasil, o suspeito deverá também ser acusado de mandar executar dois líderes do Primeiro Comando da Capital, da facção do estado do Ceará.
Em Fevereiro de 2018, Rogério Jeremias de Simone (“Gegê do Mangue”) e Fabiano Alves de Souza (“Paca”) foram executados durante uma emboscada no Ceará.
Segundo a polícia brasileira, a execução foi ordenada por “Fuminho” como vingança. Os dois criminosos terão prometido que iriam libertar “Marcola” da prisão, em 2017, mas não cumpriram a promessa e acabaram por se instalar na liderança do Primeiro Comando da Capital.