Nicarágua paga caro por não agir contra a covid-19
FMI rejeitou um empréstimo de 470 milhões de dólares e não incluiu o país na lista de países pobres a quem perdoou a dívida, para que essa verba fosse canalizada para lutar contra a pandemia.
O Fundo Monetário Internacional rejeitou na terça-feira um empréstimo de 470 milhões de dólares (429 milhões de euros) ao Governo da Nicarágua, que não impôs medidas para controlar a pandemia da covid-19, antes pelo contrário, fomentando ajuntamentos de pessoas e criticando aqueles que tentam seguir as indicações da Organização Mundial de Saúde.
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O Fundo Monetário Internacional rejeitou na terça-feira um empréstimo de 470 milhões de dólares (429 milhões de euros) ao Governo da Nicarágua, que não impôs medidas para controlar a pandemia da covid-19, antes pelo contrário, fomentando ajuntamentos de pessoas e criticando aqueles que tentam seguir as indicações da Organização Mundial de Saúde.
O país já não tinha sido incluído na lista de 25 países pobres a quem a organização aliviou a dívida para que os governos pudessem usar essas verbas para os seus esforços para travar a expansão da infecção pelo novo coronavírus.
Francisco Aguirre Sacasa, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros nicaraguense, afirmou ao diário La Mesa Digital que na decisão do FMI pesou a falta de uma estratégia contra a pandemia do Executivo de Daniel Ortega, o Presidente que não é visto há 34 dias e deixou a sua mulher e vice-presidente do país, Rosario Murillo, aos comandos.
Existe “a percepção de que o Governo nicaraguense não está realmente comprometido com a luta contra a covid-19 por falta de liderança pessoal de Ortega”, que é, “praticamente, o único chefe de Estado americano que no se juntou pessoalmente a esta causa”, afirmou o antigo chefe da diplomacia.
A Nicarágua atravessa uma grave crise económica e havia recorrido ao FMI numa altura em que as previsões apontam para uma contracção de 6% da economia este ano (acima do decréscimo de 5,2% previsto para a América Latina e Caraíbas), segundo as previsões da Fundação Nicaraguense para o Desenvolvimento Económico e Social.
Com mais desemprego, pobreza, queda no investimento e maior desigualdade, o país é uma bomba-relógio social prestes a explodir e sem a extensão do pavio que lhe traria o dinheiro do FMI, é provável que voltem os protestos de 2018 que foram duramente reprimidos e terminaram com 325 mortos.
O país apresenta números muito baixos em termos de infectados (nove) e apenas um morto, mas como as autoridades de saúde não estão a testar as pessoas com sintomas e estão a registar os mortos com outras causas que não as de infecção pelo novo coronavírus, e uma vez que não foram adoptadas medidas de isolamentos social, é muito provável que os casos sejam muitos mais.