Painel de Querubim Lapa em escola de Lisboa pode ruir “mais dia, menos dia”

Na Secundária D. Luísa de Gusmão, os azulejos do famoso ceramista vão-se despedaçando enquanto se sucedem os apelos para a sua recuperação. Câmara diz que a fará ainda este ano.

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O painel foi ali colocado em 2005 depois de um concurso promovido pelo Ministério da Educação Rui Gaudêncio

O grande painel de azulejos que o mestre Querubim Lapa desenhou para a fachada da Escola Secundária D. Luísa de Gusmão, em Lisboa, corre o risco de desaparecer se não houver uma rápida intervenção. Apesar de os alertas sobre a obra se repetirem há mais de seis anos, os azulejos têm caído a um ritmo constante e nada foi feito. A Câmara de Lisboa diz agora que, mesmo não sendo sua responsabilidade, vai intervir.

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O grande painel de azulejos que o mestre Querubim Lapa desenhou para a fachada da Escola Secundária D. Luísa de Gusmão, em Lisboa, corre o risco de desaparecer se não houver uma rápida intervenção. Apesar de os alertas sobre a obra se repetirem há mais de seis anos, os azulejos têm caído a um ritmo constante e nada foi feito. A Câmara de Lisboa diz agora que, mesmo não sendo sua responsabilidade, vai intervir.

A situação tem-se agravado de tal modo que a direcção da escola decidiu cortar o acesso àquela zona do exterior, que fica junto à entrada, virada à Rua da Penha de França. “Está vedado por questões de segurança, porque os azulejos continuam a cair”, diz Laurinda Pereira, directora do agrupamento de escolas Nuno Gonçalves, a que a D. Luísa de Gusmão pertence desde 2013.

Os alertas sobre a degradação do grande painel, que tem cerca de 400 azulejos em 30 metros de extensão, começaram por essa data. Primeiro caíram três quadradinhos, pouco depois já eram grandes bocados do conjunto que ameaçavam despedaçar-se.

Foi isso que aconteceu, também na mesma altura, na Escola Básica Mestre Querubim Lapa, em Campolide, para onde o ceramista também desenhou um painel de grandes dimensões. Nesse caso, “o painel caiu todo e teve de ser feito de novo”, lembra Suzana Barros, viúva do artista (falecido em 2016) e presidente do Centro de Estudos Querubim Lapa. O seu receio é que suceda o mesmo com a obra da D. Luísa de Gusmão. “É uma vergonha. Começámos a mandar cartas ainda o Querubim era vivo.”

Laurinda Pereira diz que “a situação está sinalizada e toda relatada à Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares, à câmara e à Junta de Freguesia de Arroios”, mas que nestes seis anos todos os passos foram infrutíferos. “Tive a oportunidade de falar com o mestre Querubim, falámos algumas vezes e a recuperação acabou por não se realizar”, relata a directora do agrupamento.

Em 2014, a pedido do ceramista, um assentador de azulejos deslocou-se à escola para avaliar o estado do painel e concluiu que este podia cair a qualquer momento. Pôs alguma fita-cola a segurar os azulejos, mas nem essa já lá está e notam-se bem as clareiras na parede.

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Vários bocados do painel estão já em falta e a zona ao pé da parede foi vedada Rui Gaudêncio

Fruto das conversas entre Querubim, Suzana e Laurinda, um construtor chegou a apresentar um orçamento de 1500 euros para retirada, limpeza e recolocação na fachada dos azulejos destacados, a que se somaria um montante para produção dos azulejos em falta. O silêncio da tutela ditou que a obra não avançasse e que os problemas se agravassem.

Em Janeiro deste ano, uma equipa da Protecção Civil esteve na escola e detectou um problema mais profundo na fachada. “Vai ser preciso que o painel seja todo retirado para ser recolocado. É preciso é que a obra avance, se não mais dia, menos dia deixamos de ter painel para recuperar”, alerta Laurinda Pereira.

Na semana passada o PÚBLICO questionou sobre este assunto o Ministério da Educação, responsável pelo edifício, mas não obteve respostas. Foi o ministério que, em 2005, através de um concurso de valorização estética de escolas, patrocinou a colocação do painel na D. Luísa de Gusmão.

“Tenho insistido muito nisto. Mandei cartas para as juntas de freguesia, para a câmara, para o ministério. A única resposta que recebi foi da câmara a dizer que a escola ainda não era competência deles”, diz Suzana Barros. Numa das missivas para a autarquia, de 2017, refere-se um parecer do Museu Nacional do Azulejo que “confirma a necessidade premente de intervenção, sob pena de ruína iminente e perda total de uma obra tão significativa”.

No âmbito da descentralização de competências, a Câmara de Lisboa vai em breve assumir a gestão dos edifícios de 32 escolas dos 2º e 3º ciclos e do Secundário, estando em curso uma avaliação do LNEC para aferir a necessidade de obras em cada uma. A autarquia respondeu ao PÚBLICO que conhece a situação em que se encontra este painel de azulejos e que “embora não seja da responsabilidade da câmara, vai intervir e recuperar os painéis no corrente ano.”