Covid-19: “Não estamos preparados para olhar para a morte como um problema de higiene pública”

Dois antropólogos e um biólogo que passou os últimos 25 anos a lidar com o luto, o seu e o dos outros, reflectem sobre a morte a partir das novas regras para as cerimónias fúnebres a que a pandemia obriga.

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Imagine uma mulher internada nos cuidados intensivos numa unidade hospitalar, ligada a um ventilador há dias, procurando sobreviver a uma doença que está a matar dezenas de milhares de pessoas em todo o mundo. Imagine-a sozinha nos últimos momentos de vida, porque apesar da presença constante de médicos e enfermeiros dedicados, é assim que ela está — sozinha. Agora imagine que é alguém que conhece, e ama, desde que nasceu — a sua mãe, uma irmã, uma filha, uma amiga com quem partilhou coisas boas e coisas más desde sempre. E depois imagine que não pode ter ao seu lado aqueles de quem precisa quando se vê obrigado a lidar com uma perda que lhe parece, como todas as grandes perdas, insuperável. 

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Imagine uma mulher internada nos cuidados intensivos numa unidade hospitalar, ligada a um ventilador há dias, procurando sobreviver a uma doença que está a matar dezenas de milhares de pessoas em todo o mundo. Imagine-a sozinha nos últimos momentos de vida, porque apesar da presença constante de médicos e enfermeiros dedicados, é assim que ela está — sozinha. Agora imagine que é alguém que conhece, e ama, desde que nasceu — a sua mãe, uma irmã, uma filha, uma amiga com quem partilhou coisas boas e coisas más desde sempre. E depois imagine que não pode ter ao seu lado aqueles de quem precisa quando se vê obrigado a lidar com uma perda que lhe parece, como todas as grandes perdas, insuperável.