Aulas na televisão só vão durar trinta minutos

As emissões do #EstudoEmCasa, como se chamará a nova telescola, destinam-se aos alunos do 1.º ao 9.º ano de escolaridade.

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Aulas de 30 minutos em vez dos 45 ou 90 minutos habituais nas escolas, onde não faltará a Educação Física apesar de os conteúdos serem transmitidos pela televisão. A grelha da nova telescola, que se chamará #EstudoEmCasa, já foi divulgada pelo Ministério da Educação, precisamente um dia depois de o Governo ter anunciado que os alunos do ensino básico não voltarão às escolas este ano lectivo devido aos perigos de contágio da actual pandemia de covid-19.

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Aulas de 30 minutos em vez dos 45 ou 90 minutos habituais nas escolas, onde não faltará a Educação Física apesar de os conteúdos serem transmitidos pela televisão. A grelha da nova telescola, que se chamará #EstudoEmCasa, já foi divulgada pelo Ministério da Educação, precisamente um dia depois de o Governo ter anunciado que os alunos do ensino básico não voltarão às escolas este ano lectivo devido aos perigos de contágio da actual pandemia de covid-19.

As aulas pela televisão destinam-se aos alunos do 1.º ao 9.º ano de escolaridade, serão transmitidas entre as 09h00 e as 17h50 de segunda a sexta-feira pela RTP Memória, estando as manhãs geralmente reservadas aos mais novos e as tardes aos do 3.º ciclo.

A partir do dia 20, quando arrancarão as emissões, as matérias a abordar serão agrupadas como se turmas mistas se tratasse: 1.º e 2.º anos; 3.º e 4.º anos, 5.º e 6.º anos, 7.º e 8.º anos e, por fim, o 9.º. E em vários casos abrangerão mais do que uma disciplina do currículo, como estaria já a ser experimentado em escolas que aderiram à flexibilidade curricular.

Isto acontecerá sobretudo no 9.º ano com as disciplinas de Matemática, Ciências da Natureza e Físico-Químicas. Também os conteúdos da disciplina de Cidadania, destinada a todos os anos de escolaridade, aparecerão agrupados com Estudo do Meio (1.º ciclo), Ciências Naturais e Geografia. Nos horários escolares do 2.º e 3.º ciclos, à disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, instituída há dois anos, têm sido habitualmente reservados 45 minutos semanais, embora o Ministério da Educação tenha insistido que esta deveria ser uma área transversal.

Os alunos do 3.º ciclo  terão nas emissões do #EstudoEmCasa um espaço semanal de trinta minutos dedicado à Leitura e Literatura e outro à Escrita. Na oferta de línguas estrangeiras aparece Alemão, para além dos habituais Inglês, Francês e Espanhol.

Para Paulo Guinote, professor do 2.º ciclo e autor do blogue O Meu Quintal, a grelha agora divulgada “presta-se a abordagens muito generalistas dos conteúdos das disciplinas”. “Trinta minutos é um período adequado para manter a atenção dos alunos, mas que é demasiado curto para abordar, ao mesmo tempo, o 5º e 6º ano, assim como o 7º e 8º no mesmo segmento”, justifica. Mas não deixa de assinalar que esta opção, “de forma indirecta, demonstra a desadequação das aulas de 90 minutos para os alunos deste ciclo de escolaridade”.

Já Arlindo Ferreira, director do Agrupamento de Escolas Cego de Maio, na Póvoa do Varzim, e autor do blogue DeArlindo, entende que a grelha do #Estudo em casa “é bastante positiva porque abrange todas as áreas do currículo do 1.º ao 9.º ano”. Também a organização das emissões por anos de escolaridade “é lógica e adequada à faixa etária dos alunos”, aponta.

Conteúdos repetidos?

Segundo o ME, as emissões televisivas servirão de “complemento ao trabalho dos professores com os seus alunos”, que continuará a ser feito à distância como aconteceu nas duas semanas que antecederam as férias da Páscoa. Guinote duvida. Desta primeira incursão pelo que aí virá, Guinote considera que as aulas “assim transmitidas não poderão funcionar como ‘âncoras’ para o trabalho posterior de alunos e professores” e alerta para o risco de virem a “existir muitos segmentos que não terão qualquer interesse, por já terem sido abordados os conteúdos ou desenvolvidas tarefas” nas aulas presenciais.

“Poderá ser um excelente apoio ao trabalho que os professores vão fazer com os seus alunos”, contrapõe Arlindo Ferreira. Por essa razão, está a ponderar “rever a organização das sessões síncronas” no seu agrupamento, cujo plano já está elaborado, de modo “a permitir que a grelha [das emissões televisivas ] possa complementar o trabalho já programado dos professores com os alunos para o 3.º período”.

Falta agora saber que conteúdos foram seleccionados para as aulas na televisão e como serão apresentadas. Na nota divulgada nesta sexta-feira, o ministério adianta que, nos primeiros dias do 3.º período, que começa nesta terça-feira, dia 14, “professores e alunos terão oportunidade de ficar a conhecer em detalhe o que irá comportar ‘a escola na televisão’, considerando o material a seguir para as escolas”. E que também na próxima semana serão divulgados “detalhes" desta operação, que descreve como uma “verdadeira corrida contra o tempo”.

Em declarações à Lusa nesta quinta-feira, o director do canal RTP Memória, Gonçalo Madaíl, revelou que a montagem desta experiência demorou cerca de “duas semanas e meio de trabalho intensivo”, envolvendo mais de 50 pessoas por parte da RTP, todas elas em regime de teletrabalho.