Nestes tempos de virulência, coube a um certo jornalismo (sobretudo, mas não exclusivamente, aquele praticado entre nós pelos vários canais de televisão) assumir um papel de vanguarda na lógica viral. “O pior ainda está por vir”, dizia há dias um apresentador de um jornal televisivo ao introduzir uma breve reportagem sobre os efeitos do Covid-19 em Nova Iorque. Dia após dia, a volúpia do pior apoderou-se desta vanguarda jornalística que vive o seu grande momento: aquele em lhe é dado fazer o relato dos últimos dias da humanidade. Os andamentos destas peças jornalísticas em modo repetitivo estão codificados: começam em andamento grave, alternando às vezes, nos melhores dias, com um allegro ma non troppo, passam depois para um adagio e acabam num alegricissimo, isto é, com a exibição de divertidos vídeos domésticos de gente confinada mas bem humorada, para anestesiar os espectadores siderados.
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Nestes tempos de virulência, coube a um certo jornalismo (sobretudo, mas não exclusivamente, aquele praticado entre nós pelos vários canais de televisão) assumir um papel de vanguarda na lógica viral. “O pior ainda está por vir”, dizia há dias um apresentador de um jornal televisivo ao introduzir uma breve reportagem sobre os efeitos do Covid-19 em Nova Iorque. Dia após dia, a volúpia do pior apoderou-se desta vanguarda jornalística que vive o seu grande momento: aquele em lhe é dado fazer o relato dos últimos dias da humanidade. Os andamentos destas peças jornalísticas em modo repetitivo estão codificados: começam em andamento grave, alternando às vezes, nos melhores dias, com um allegro ma non troppo, passam depois para um adagio e acabam num alegricissimo, isto é, com a exibição de divertidos vídeos domésticos de gente confinada mas bem humorada, para anestesiar os espectadores siderados.