Presidente iraquiano nomeia terceiro primeiro-ministro em apenas um ano
Mustafa al-Khadhimi foi esta quinta-feira nomeado pelo Presidente para formar Governo nos próximos 30 dias e tem apoio mais alargado que os seus antecessores. Mas nada garante que tenha sucesso.
O Presidente iraquiano, Barham Salih, nomeou o antigo chefe das secretas do Iraque, Mustafa al-Khadhimi, para formar Governo. É o terceiro nomeado em apenas um ano e, apesar de ter um apoio alargado, nada garante que seja bem-sucedido onde os seus antecessores falharam. Se o conseguir, Khadhimi terá de conciliar as exigências dos manifestantes com os interesses forças políticas, controlar a pandemia de covid-9 e gerir a tensão com os Estados Unidos e o Irão que se reflecte no seu país.
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O Presidente iraquiano, Barham Salih, nomeou o antigo chefe das secretas do Iraque, Mustafa al-Khadhimi, para formar Governo. É o terceiro nomeado em apenas um ano e, apesar de ter um apoio alargado, nada garante que seja bem-sucedido onde os seus antecessores falharam. Se o conseguir, Khadhimi terá de conciliar as exigências dos manifestantes com os interesses forças políticas, controlar a pandemia de covid-9 e gerir a tensão com os Estados Unidos e o Irão que se reflecte no seu país.
“Com o meu mandato para liderar o Governo iraquiano, juro ao meu honrado povo trabalhar para formar um Governo que ponha as aspirações e exigências dos iraquianos no topo das prioridades”, escreveu no Twitter Khadhimi, de 53 anos, pouco depois de ser nomeado. Khadhimi terá 30 dias para formar governo e apresentar a sua composição ao Parlamento, que a votará.
Licenciado em Direito, Khadhimi, de 53 anos, foi jornalista e escreveu sobre as tão necessárias reformas políticas, económicas e sociais no Iraque, granjeando reputação de reformador. Em 2016, foi nomeado para chefiar as secretas do país, dado ser próximo dos Estados Unidos, e continuou a cultivar uma imagem de reformador. É um dos seus trunfos para conseguir o apoio dos manifestantes que há meses exigem reformas profundas.
A cerimónia de investidura contou com a presença das mais proeminentes figuras políticas e influentes no país, como o general iraniano Esmail Qaani, líder das operações da Força Quds dos Guardas da Revolução. É um sinal de que Khadhimi poderá ter apoio alargado e foi, diz a Al-Jazeera, o resultado de várias reuniões ao longo da semana passada para se encontrar um consenso há muito desejado.
"Apesar de parecer ter um apoio alargado neste momento, isso pode mudar rapidamente. Muitos questionam no Iraque se ele é mesmo aquele que vai pôr um fim a meses de incerteza política”, disse a correspondente da Al-Jazeera em Bagdad, Simona Foltyn.
Visto como aliado dos EUA, Khadhimi aproximou-se nos últimos tempos do Irão para melhorar os laços, para poder eventualmente assumir o cargo e ser bem-sucedido na formação do Governo – desde Dezembro que havia rumores de que poderia assumir a função, diz o The National. Há anos que o Iraque é um campo de batalha entre os interesses de Washington e Teerão, e ambos os países têm uma palavra a dizer sobre a formação dos executivos iraquianos.
Influências que foram essenciais para que os seus dois antecessores não fossem bem-sucedidos, a que se juntou a pressão da rua. Mohammed Tawfiq Allawi, nomeado pelo Presidente em Fevereiro, afastou-se depois de o Parlamento recusar o seu Governo e Adnan al-Zurufi fê-lo na semana passada, depois de o bloco xiita se recusar a apoiá-lo e ter pouca aceitação entre os curdos e os sunitas.
Entretanto, e até um novo executivo ser formado, o primeiro-ministro demissionário Adel Abdul Mahdi continua a liderar o país com poderes limitados pela lei fundamental. Demitiu-se em Dezembro por causa dos intensos protestos contra a falta de condições de vida e interferência externa e da brutal repressão das autoridades e das milícias pró-Irão – Mahdi é visto como aliado de Teerão.
Se for bem-sucedido, Khadhimi terá de dar resposta às exigências dos manifestantes, conciliando-as com um sistema político que se tem mostrado pouco motivado a aceitar mudanças, gerir a tensão entre os Estados Unidos e o Irão no país e controlar a pandemia de coronavírus. O Iraque já tem mais de 1202 casos identificados e 69 mortes e teme-se que os frágeis serviços de saúde públicos não aguentem o embate se as infecções aumentarem significativamente.