Covid-19: o dia em que o tempo parece ter parado no aeroporto de Lisboa

Os tapetes rolantes estão parados, as lojas estão fechadas e os voos estão suspensos entre esta quinta-feira e segunda-feira.

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Lisboa acorda num dia cinzento e chuvoso. Um bando de gaivotas sobrevoa a área de movimento do aeroporto Humberto Delgado, metendo inveja às várias dezenas de aviões que estão impedidos de voar durante a Páscoa.

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Lisboa acorda num dia cinzento e chuvoso. Um bando de gaivotas sobrevoa a área de movimento do aeroporto Humberto Delgado, metendo inveja às várias dezenas de aviões que estão impedidos de voar durante a Páscoa.

Há nesta manhã uma sensação de vazio entre as zonas de chegadas e de partidas. Os tapetes rolantes estão parados, as lojas estão fechadas e os voos estão suspensos entre esta quinta-feira e segunda-feira, excepto as ligações de carácter humanitário, repatriamento de cidadãos e transporte de mercadorias.

A decisão de encerrar os aeroportos aos voos comerciais foi anunciada pelo Governo em 02 de Abril, no âmbito do estado de emergência decretado devido à pandemia de covid-19, e a ANA - Aeroportos de Portugal diz-se empenhada em contribuir para “o esforço nacional de mitigação dos riscos”.

A concessionária dos aeroportos recorda que a operação do Terminal 2 do Aeroporto Humberto Delgado está suspensa desde o dia 30 de Março, estando os embarques concentrados no Terminal 1.

“O Terminal 2 tem sido utilizado, unicamente, para voos especiais de apoio ao Serviço Nacional de Saúde e voos humanitários”, refere à Lusa.

Hoje, o tempo parece ter parado. O frenesim de passageiros a circular com malas, a entrar e a sair do aeroporto, fazem parte do imaginário. Os ecrãs com as longas listas de voos estão apagados, não há check-in nem check-out, os terminais de bagagem estão suspensos.

Da área de movimento - onde as aeronaves aterram, descolam e se movimentam - avistam-se os aviões parados, quase todos alinhados. É uma imagem distorcida daquilo que os irmãos Wright criaram no início do século XX: agora, os aviões não voam.

Devido à paragem, a ANA reservou áreas dedicadas ao “estacionamento de contingência de longa duração” para as companhias aéreas baseadas em Portugal e outras que possam precisar.

Segundo a gestora dos aeroportos portugueses, o estacionamento nas áreas de contingência não terá custos para as companhias aéreas.

Nesta porta de entrada na capital só se vêem os funcionários, aqueles que não podem parar. A pandemia da covid-19 colocou os voos em suspenso, mas não o aeroporto.

A ANA lembra que definiu medidas de contingência aconselhadas pela Direcção-Geral da Saúde, incluindo a medição de temperatura corporal em Lisboa, Porto, Faro, Madeira e Ponta Delgada (Açores).

“Caso sejam detectadas situações de temperatura corporal elevada, seguir-se-á um segundo rastreio por uma equipa de técnicos de saúde, os quais acompanharão a pessoa para área reservada, procedendo a um inquérito e actuando de acordo com os procedimentos médicos exigidos”, salienta, apontando como prioritária a protecção da saúde dos passageiros e dos trabalhadores da comunidade aeroportuária.

A concessionária afirma também que a continuidade do serviço público é um compromisso permanente: “A ANA está comprometida com o Estado para assegurar que as principais portas de acesso aéreo ao país permanecem sempre abertas, permitindo aos portugueses no estrangeiro e aos estrangeiros em Portugal regressarem para junto das suas famílias, e às cadeias logísticas essenciais continuarem a funcionar”.