Contágio pela Ciência-20
A atividade colaborativa da comunidade científica dará, com maior ou menor brevidade, uma resposta eficaz para controlar a mortalidade e morbilidade associada à covid-19.
Assistimos a uma mobilização científica mundial sem precedentes em torno de um objetivo comum: o combate ao coronavírus SARS-CoV-2, que causa a infeção covid-19. Devido ao impacto da doença, a sociedade tem prestado redobrada atenção ao que a comunidade científica faz na esperança de um tratamento ou na busca de respostas acerca da biologia do SARS-CoV-2. Num esforço global nas universidades, hospitais e empresas, equipas de especialistas em medicina, física, matemática, informática, engenharia e biologia colaboram e partilham conhecimento e descobertas a uma velocidade notável.
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Assistimos a uma mobilização científica mundial sem precedentes em torno de um objetivo comum: o combate ao coronavírus SARS-CoV-2, que causa a infeção covid-19. Devido ao impacto da doença, a sociedade tem prestado redobrada atenção ao que a comunidade científica faz na esperança de um tratamento ou na busca de respostas acerca da biologia do SARS-CoV-2. Num esforço global nas universidades, hospitais e empresas, equipas de especialistas em medicina, física, matemática, informática, engenharia e biologia colaboram e partilham conhecimento e descobertas a uma velocidade notável.
Desde que o novo coronavírus foi reportado, em Dezembro de 2019 na cidade de Wuhan, na China, a comunidade científica identificou as propriedades replicativas do vírus, descobriu a sua origem, descodificou o seu genoma, criou testes para identificar pessoas infetadas ou que já tiveram a infeção e iniciaram-se ensaios clínicos para fármacos e vacinas. Em Portugal, inúmeros institutos de investigação, incluindo o Instituto de Medicina Molecular, ao qual somos afiliados, congregaram recursos técnicos e humanos no intuito de expandir a capacidade nacional de diagnóstico da covid-19 e iniciaram projetos de investigação sobre o SARS-CoV-2.
É importante neste contexto reconhecer que a celeridade da resposta é fruto de muitos anos de treino e de considerável investimento, muitas vezes com avanços quase impercetíveis na sociedade, mas que constituíram um alicerce sólido para a implementação rápida de projetos de ciência aplicada contra a covid-19.
Foi a invenção da técnica de PCR, por Kary Mullis em 1983, que permitiu desenvolver o método de identificação do SARS-CoV-2 que usamos atualmente. Foram os estudos realizados noutras espécies de coronavírus que permitiram a rápida identificação dos recetores e mecanismos de infeção do SARS-CoV-2. São as equipas que investigam há muitos anos os fenómenos epidemiológicos, as que estudam os mecanismos moleculares de atuação dos vírus, as que exploram e tratam a resposta humana à infeção, as que se especializaram na produção de vacinas, ou ainda as que identificaram novos alvos de intervenção para a criação de medicamentos, as mais aptas a dar respostas céleres neste momento.
A atividade colaborativa da comunidade científica dará, com maior ou menor brevidade, uma resposta eficaz para controlar a mortalidade e morbilidade associada à covid-19. Deixemo-nos depois contagiar pela Ciência-20 não esquecendo a sua importância após o fim desta pandemia. O potencial do conhecimento científico é, e deverá ser, um protagonista fundamental na sociedade e um interlocutor indispensável nas decisões políticas, sempre.
Os autores escrevem segundo o novo acordo ortográfico