Por agora não haverá aulas e a covid-19 não permite ainda outros cenários
Sem ter garantias por parte de epidemiologistas quanto ao risco de contágio nos próximos tempos, Governo só terá certezas de que em Abril não vai ser possível ter aulas presenciais nas escolas.
O que fazem governantes, dirigentes partidários e epidemiologistas juntos numa reunião? Em tempos de pandemia como são os actuais, sobretudo ouvir o que estes últimos têm a dizer. E o que os especialistas comunicaram, nesta terça-feira, numa reunião realizada no Infarmed, em Lisboa, é que ainda vão precisar de mais dias e de mais dados para poderem dizer em que ponto se está.
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O que fazem governantes, dirigentes partidários e epidemiologistas juntos numa reunião? Em tempos de pandemia como são os actuais, sobretudo ouvir o que estes últimos têm a dizer. E o que os especialistas comunicaram, nesta terça-feira, numa reunião realizada no Infarmed, em Lisboa, é que ainda vão precisar de mais dias e de mais dados para poderem dizer em que ponto se está.
E sem esta informação não é possível estabelecer cenários quanto a datas de reabertura das escolas ou de realização dos exames, embora sobre uma certeza: com as informações sobre a pandemia que existem actualmente, “não será possível abrir as escolas este mês”, adianta ao PÚBLICO a dirigente do CDS Ana Rita Bessa, que esteve na reunião.
“Esta foi a única conclusão clara deste encontro”, disse. Sem o anunciar oficialmente, o Presidente da República já o adiantara em declarações no final deste encontro. Quando questionado sobre a eventual abertura das escolas ainda este mês, indicou: “Não haverá. É o senhor primeiro-ministro que o dirá dia 9 de Abril mas, daquilo que disseram os especialistas, se queremos ganhar a liberdade em Maio, precisamos de a ganhar em Abril”.
Da parte dos directores das escolas, que durante a tarde desta terça-feira foram ouvidos pelo ministro da Educação, vem também esta indicação - o ministério não se comprometeu com qualquer decisão sobre a forma como serão mantidas as aulas do 3.º período. O encontro – mantido por videoconferência – “serviu para nos ouvir”, explica o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), Manuel Pereira. No encontro estiveram também representantes das escolas profissionais e dos colégios privados.
A Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior (CNAES) também se reuniu esta terça-feira, mas não tomou nenhuma decisão relativamente à forma como vai processar-se o ingresso no ensino superior no próximo ano lectivo. Aquele organismo aguarda pelas decisões que possam ser anunciadas pelo Governo na próxima quinta-feira.
“Será o ensino secundário a marcar o ritmo. Em função do que aconteça [nesse nível de ensino], definiremos os procedimentos de acesso” para o próximo ano lectivo, explica o presidente da CNAES, João Guerreiro.
Também presente na reunião desta terça-feira no Infarmed, o vice-presidente do PSD David Justino deixa este alerta: “Estar a aliviar seja o que for agora seria claramente extemporâneo sob pena de termos uma réplica” da infecção. Justino lembra também que este encontro não tinha como objectivo tomar decisões.
Por agora, os directores das escolas públicas preparam o regresso às aulas, agendado para o próximo dia 14, depois das férias da Páscoa, antecipando que o mesmo será feito em regime de ensino à distância, tal como aconteceu nas últimas duas semanas antes da pausa lectiva. Nesse contexto, as provas de aferição do 1.º e 2.º ciclos, bem como as provas nacionais do 9.º ano não devem ser realizadas neste ano lectivo, defende a ANDE.
Mantêm-se os exames nacionais
Já os exames nacionais do ensino secundário devem ser mantidos. Os directores mostram abertura para mudanças no calendário das provas, agendadas para a segunda quinzena de Junho, e que podem realizar-se “até em Setembro se for necessário”, uma solução que já tinha sido avançada pela Federação Nacional de Educação, por exemplo.
“Fiquei com a percepção de que existe do Governo um genuíno interesse em perceber que margem pode ter, em termos do perigo de contágio, para tomar decisões em relação às escolas”, adianta Ana Rita Bessa. Quanto aos exames nacionais, diz que não lhe parece “existir vontade” para mexer nalguma coisa para já, nomeadamente no que respeita ao seu eventual cancelamento, como já aconteceu em França, Reino Unido e Itália.
“Por mim subscrevo que qualquer decisão nesse sentido seria extemporânea nesta altura”, refere, lembrando que a situação e também os calendários dos exames são diferentes.
Nesta quarta-feira, o primeiro-ministro reunirá com os partidos políticos para os auscultar sobre as medidas a tomar na educação antes de, na quinta-feira, anunciar oficialmente o que irá acontecer, pelo menos no que toca à reabertura das escolas em Abril.