Moçambique: grupos armados fazem novos ataques em Cabo Delgado

Homens armados invadiram Meangueleua, destruíram a igreja católica e disseram aos habitantes para aderirem ao islamismo. Em Muatide e Mueda destruíram casas.

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Ataque a Quissanga Dr

Os grupos armados que têm realizado ataques na província de Cabo Delgado, no Norte de Moçambique, invadiram na segunda-feira Quissanga, Mocimboa Muidumbe, onde incendiaram uma igreja, sem causar mortos, disseram nesta terça-feira à Lusa fontes locais.

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Os grupos armados que têm realizado ataques na província de Cabo Delgado, no Norte de Moçambique, invadiram na segunda-feira Quissanga, Mocimboa Muidumbe, onde incendiaram uma igreja, sem causar mortos, disseram nesta terça-feira à Lusa fontes locais.

O primeiro ataque ocorreu na localidade de Meangueleua, posto administrativo de Chitunda, em Muidumbe, onde o grupo terá feito reféns por algum tempo alguns residentes, antes de vandalizar uma igreja.

“Eles entraram pela manhã [de segunda-feira] e disseram à população que todos deviam aderir ao islamismo. Não mataram ninguém, apenas destruíram uma igreja católica e levaram com eles quatro pessoas”, disse uma fonte local.

Em vídeos feitos com telemóvel, e partilhados online, vêem-se os atacantes a dizer aos habitantes que os conhecem. Que só vão atacar o Estado e os seus representantes. Que o seu desejado é implantar um estado islâmico, quer a população queira quer não, porque é isso que está certo, relatam várias fontes no Twitter. Falam em línguas locais, por vezes misturado com o português.

“Somos daqui. Invadimos para mostrar que o Governo é injusto. Somos muitos no mato. O nosso alvo são os militares, que consideramos uns porcos. Não colaborem com eles, se não voltamos uma terceira vez e matamos-vos”, dizem os rebeldes no vídeo que circula nas redes sociais, numa tradução colocada no Twitter pelo historiador francês Eric Morier-Genoud, especialista em história africana.

Contactado pela Lusa, o bispo de Pemba, Luiz Fernando Lisboa, disse que a população local fugiu para o mato e não sabe ao certo quais os danos deste novo ataque. “A população fugiu para as matas e não tenho como saber o que realmente aconteceu. Tive a mesma informação [sobre a igreja incendiada], mas não tenho detalhes nem confirmações”, disse.

Outro residente contactado pela Lusa conta que, já no início da tarde desta quarta-feira, o grupo se terá deslocado para a aldeia de Muatide, no mesmo distrito, onde terá disparado vários tiros para o ar.

Os atacantes terão destruído várias casas em aldeias de Mueda, a 41 kmde Muidumbe.

Diferentes fontes locais disseram à Lusa que a par dos ataques no distrito de Muidumbe, houve também na segunda-feira uma incursão armada contra Bilibiza, mais de 100 km a sul e a cerca de 50 de Pemba, capital provincial. Em Bilibiza está situada uma escola agrária atacada em Janeiro. Parte da população fugiu da povoação.

A Lusa contactou o porta-voz da Polícia moçambicana em Cabo Delgado, Augusto Guta, que não confirmou nem desmentiu a informação.

A província de Cabo Delgado tem sido alvo de ataques de grupos armados que organizações internacionais classificam como uma ameaça terrorista e que em dois anos e meio já fez, pelo menos, 350 mortos, além de 156.400 pessoas afectadas com perda de bens ou obrigadas a abandonar casa e terras em busca de locais seguros.

No final de Março, as vilas de Mocímboa e Quissanga foram invadidas pelo grupo, que destruiu várias infra-estruturas e içou a sua bandeira num quartel das Forças de Defesa e Segurança de Moçambique.

Na ocasião, num vídeo distribuído na Internet, um militante jihadista justificou os ataques de grupos armados no Norte de Moçambique com o objectivo de impor a lei islâmica na região.

Foi a primeira mensagem divulgada por autores dos ataques que ocorrem há dois anos e meio na província de Cabo Delgado, gravada numa das povoações que invadiram.