Chamadas de Embalar: e se pudesses enviar uma serenata pelo telemóvel?
Com as Chamadas de Embalar, qualquer pessoa pode enviar uma serenata à casa de quem mais gosta. Nas próximas duas semanas, Beatriz Pessoa, Ditch Days, Marinho e Surma são alguns dos músicos que vão estar a entregar canções e mensagens por telefone.
Em tempos de isolamento, a pandemia do coronavírus impede que as serenatas sejam feitas como sempre foram: à janela. Agora, podem encomendar-se serenatas — com canções e mensagens — e enviar para as pessoas “de quem preferíamos estar perto”, sejam elas namorados, filhos, pais, avós ou amigos. Os músicos Beatriz Pessoa, Ana Mariano, Vasco Completo, Rita Dias, Amaura, Gabriel Petra, Surma, Lour e Maria Teresa Alves e as bandas Ditch Days, Marinho e Andor Violeta são, para já, os Hermes, com a missão de entregar estas mensagens entre 6 e 16 de Abril.
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Em tempos de isolamento, a pandemia do coronavírus impede que as serenatas sejam feitas como sempre foram: à janela. Agora, podem encomendar-se serenatas — com canções e mensagens — e enviar para as pessoas “de quem preferíamos estar perto”, sejam elas namorados, filhos, pais, avós ou amigos. Os músicos Beatriz Pessoa, Ana Mariano, Vasco Completo, Rita Dias, Amaura, Gabriel Petra, Surma, Lour e Maria Teresa Alves e as bandas Ditch Days, Marinho e Andor Violeta são, para já, os Hermes, com a missão de entregar estas mensagens entre 6 e 16 de Abril.
O processo é simples, explica Rúben Pardal ao P3. “A pessoa liga para o número entre as 12h e as 16h, escolhe o dia em que quer entregar a serenata e o intervalo horário de entre os disponíveis e deixa a mensagem, o contacto e o nome, mais o contacto e o nome da pessoa que quer surpreender.” As Chamadas de Embalar serão feitas a partir desta segunda-feira, com horário definido entre as 20h e as 22h. Quem encomenda a serenata não escolhe o músico nem a canção por questões de logística, apenas o intervalo de tempo que pretende; com sorte, pode ser que até seja o músico preferido.
O projecto nasceu apenas há alguns dias. Rúben Pardal, Carolina Caldeira e Francisco Lacerda são três amigos que sempre quiseram “criar um projecto em conjunto relacionado com música”. A Carolina “inscreveu-se numa iniciativa da Casa Fernando Pessoa, onde a partir das 16h ligam às pessoas e lêem poemas”. Por entre conversas, “surgiu esta questão das serenatas cantadas via telefone”, porque perceberam que “o Instagram já está cheio de lives” e há todo o tipo de conteúdos disponíveis, mas todos implicam acesso à Internet e às tecnologias mais recentes. “Continua a haver pessoas em Portugal, de outras gerações que não a nossa, sem acesso a estas coisas e o telefone poderia ser uma forma bonita de entrarmos em contacto com elas e de as surpreender”.
Carolina é copywriter freelancer, Francisco é designer e estão ambos em casa com os pais. No entanto, Rúben, gestor de activação digital, está a “fazer este período de isolamento sozinho” e sente a distância mais do que nunca. O projecto serve para se manterem ocupados, mas também para conseguirem ajudar “ser humanos e surpreender alguém que não pode estar connosco e que não podemos abraçar, apesar de ser aquilo que mais queremos”. No Chamadas de Embalar tencionam “dar prioridade a quem trabalhe nos bombeiros, na polícia, num lar, num hospital, ou a quem queira fazer uma serenata a alguém de uma dessas equipas”.
Rúben explica que são três pessoas mas, ainda assim, “são poucas mãos para a dimensão que o projecto poderia ter” — daí as inscrições serem limitadas e existir um número limite de serenatas por dia. “Quanto mais músicos nós tivéssemos, mais slots poderíamos abrir por dia para entregar as serenatas”, até porque o horário não pode esticar-se demasiado pela noite, “tendo em conta que se contacta a partir de um número que as pessoas não conhecem”. Por agora, esperam conseguir entregar pelo menos 30 serenatas.
Já conseguiram o apoio de alguns músicos “de dimensão mais pequena” — embora, sublinha, o que interessa não seja a dimensão, mas “a forma como a mensagem vai chegar às pessoas através da música”. Apesar disso, seria bom conseguirem o apoio de músicos que também ajudassem a “dar alguma visibilidade ao projecto” para, aí sim, conseguirem transformar a campanha e estendê-la para o domínio das doações, que serão direccionadas para o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central e para o Centro Hospitalar Universitário de São João.
Beatriz Pessoa é uma das artistas que aceitou fazer parte do projecto. Conta ao P3 que o achou “muito bonito” e uma iniciativa “muito original e necessária”. “Já tinha pensado em projectos que poderia fazer, porque a questão dos lives já se está a tornar um pouco cansativa. Achei esta a ideia perfeita: podemos ajudar-nos uns aos outros e depois, também, há a questão de se poder doar dinheiro. Acho que tem tudo para dar certo.”
Cada serenata inclui uma canção e uma mensagem deixada por quem a encomenda, ficando com uma duração “entre os cinco e os sete minutos”. Na setlist de Beatriz constam músicas como Cuidando de Longe, de Gal Costa e Marília Mendonça, A Noite Passada, de Sérgio Godinho, Moon River (original do filme Breakfast at Tiffany's), Love Me Tender, de Elvis Presley, Chega de Saudade, de João Gilberto, Todo Homem de Zeca, Caetano, Moreno e Tom Veloso, Você É Linda, igualmente de Caetano Veloso, Velha e Louca de Malu Magalhães e uma canção própria, Disguise.