Covid-19: vendas nos supermercados abrandam, mas conservas crescem 79%

Na terceira semana de análise, barómetro detecta um crescimento modesto nas vendas, na ordem dos 7% em termos homólogos.

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vera moutinho

As vendas nos super e hipermercados cresceram 7% entre 16 e 22 de Março, um abrandamento face à semana anterior, enquanto as vendas de conservas aumentaram 79% na semana de declaração do estado de emergência, segundo a consultora Nielsen.

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As vendas nos super e hipermercados cresceram 7% entre 16 e 22 de Março, um abrandamento face à semana anterior, enquanto as vendas de conservas aumentaram 79% na semana de declaração do estado de emergência, segundo a consultora Nielsen.

De acordo com a terceira edição do barómetro semanal da Nielsen sobre o impacto da pandemia de covid-19 no consumo, no total, as vendas nos super e hipermercados aumentaram 7% em termos homólogos entre 16 e 22 de Março, semana em que foi declarado o estado de emergência, houve o encerramento das escolas e restrição à movimentação, designada pela Nielsen como “etapa de preparação para a quarentena”.

Esse crescimento fica abaixo do aumento de 65% registado de 9 a 15 de Março, semana em que os portugueses começaram a preparar a despensa para a pandemia, segundo a Nielsen. No abrandamento das vendas nos super e hipermercados, Portugal seguiu a tendência de outros países, sobretudo de Espanha, onde também houve uma desaceleração significativa de vendas.

Apesar do abrandamento, em Portugal, na semana de 16 a 22 de Março, houve um aumento significativo de vendas de produtos de longa conservação, com as conservas a crescerem 79% e os produtos básicos 68%. Lisboa e Setúbal destacaram-se com aumentos ainda mais elevados nestas categorias, de 89% e 74% para conservas e 75% e 65% para produtos básicos, respectivamente.

A Nielsen identificou ainda uma “preocupação acrescida com os animais de estimação”, com os produtos para animais (alimentação e acessórios) a crescerem 15% face ao período homólogo anterior. Já os produtos de papel continuam a liderar os produtos de higiene pessoal e do lar, com crescimento de 75% do papel higiénico, face a período homólogo anterior, seguido de lenços, rolos e guardanapos e acessórios de limpeza.

Em sentido contrário, há uma quebra em produtos de higiene pessoal e do lar, decorrente de os consumidores estarem em casa, afirmou a Nielsen. Assim, face ao período homólogo anterior, as vendas de produtos de maquilhagem caíram 54%, de perfumes 53%, de produtos para calçado 47%, de ambientadores 38%, de cremes para pele 33% e de produtos para barba 22%.

Segundo a Nielsen, a cesta de compras dos consumidores portugueses tem actualmente “moldes de sobrevivência”, mais económica e racional.

Contudo, de acordo com a consultora da Nielsen Marta Teotónio Pereira, é expectável que, “depois de passada esta fase em que os portugueses prepararam a vida para a quarentena”, haja procura de produtos que tornem “a vida em casa mais suportável”, pelo que admite que haja produtos menos essenciais que cresçam, como alguns da categorias de bebidas ou de produtos de beleza, uma vez que nesta fase não é possível haver saídas para idas ao cabeleireiro, por exemplo.

“A evolução da composição da cesta de quarentena tem, portanto, uma parte experiencial e outra emocional e há aqui uma oportunidade para fabricantes e retalhistas atingirem vendas incrementais”, afirmou a consultora da Nielsen, citada em comunicado.

Este relatório abrangeu sete insígnias em Portugal continental: Auchan, Continente, Dia/Mini Preço, El Corte Inglés, Intermarché, Mercadona e Pingo Doce.