Covid-19: nem o kit de protecção tira o medo do contágio a enfermeiros do INEM
Quando um médico pede ao INEM um teste a um caso suspeito de covid-19, é accionada uma ambulância com dois enfermeiros. Apesar do equipamento de protecção e de todos procedimentos de segurança, o medo de ficar infectado permanece.
Os enfermeiros do INEM dedicados em permanência à covid-19 são chamados a realizar centenas de testes ao novo coronavírus. Enfrentam o perigo de contágio munidos de equipamento de protecção individual, mas o medo do contágio permanece.
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Os enfermeiros do INEM dedicados em permanência à covid-19 são chamados a realizar centenas de testes ao novo coronavírus. Enfrentam o perigo de contágio munidos de equipamento de protecção individual, mas o medo do contágio permanece.
Quando um médico de qualquer ponto do país liga ao Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) a pedir um teste a um doente com sintomas de ser portador da doença, a “sala de situação nacional” na sede em Lisboa acciona uma ambulância e dois enfermeiros no local mais próximo.
O pedido pode ser feito para um local próximo da sede do INEM. Foi o caso de uma solicitação para o bairro da Quinta do Mocho, no concelho de Loures.
Atribuído o “serviço”, a ambulância sai do INEM com dois enfermeiros e enquanto um conduz, o outro fala ao telefone com o doente e dá indicações para que esteja preparado para fazer o teste.
Trata-se de um homem de 27 anos que está com febre e dores no corpo. O enfermeiro do INEM previne-o para não sair de casa e só abrir a porta quando tocarem.
Chegados ao prédio, escolhem o melhor local para apenas um deles, o enfermeiro que vai entrar na casa, vestir todo o equipamento, de acordo com uma lista que a colega lhe vai indicando.
Desinfecção das mãos, três luvas em cada mão, touca, máscara, óculos, fato por cima do equipamento do INEM, protecção nos pés, é o que manda o protocolo.
O outro elemento da equipa também está protegido, mas menos, porque não estará em contacto com o doente.
Só depois de cumpridos os procedimentos de protecção é que o enfermeiro entra na residência do doente para fazer a colheita da amostra no nariz e na garganta.
A colheita é depois guardada num kit para ser entregue no laboratório.
“Esta colheita correu bem, (...) o senhor colaborou na colheita. A única dificuldade sentida foi que efectivamente ele não se expressa muito bem em português, tem algumas dificuldades, de resto correu tudo normalmente”, contou à Lusa o enfermeiro António Santos.
À saída, novo procedimento de segurança para retirada do equipamento e desinfecção das mãos. Tudo é colocado num saco do lixo que é depois selado. O lixo vai para um contentor que está no interior da ambulância.
A operação pode demorar, com transporte, entre uma hora e uma hora e meia. Além destes passos, os enfermeiros têm ainda de preencher um formulário e um questionário.
O enfermeiro não esconde o principal receio: “É ficarmos contaminados, infectados”.
O INEM já tem 15 profissionais infectados com o coronavírus, mas para já a doença ainda não está a ter reflexos no serviço. Até 3 de Abril, o INEM fez 1810 colheitas para testes.