Covid-19: com a queda abrupta do turismo na Tailândia, elefantes podem morrer à fome

Proprietários de parques dizem não ter capacidade para alimentar animais. Turismo na Tailândia desceu 44% em Fevereiro face ao período homólogo de 2019.

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LUSA/RONALD WITTEK

O elefante, um dos símbolos da Tailândia, é um dos principais afectados com a crise provocada pela pandemia da covid-19 no país do Sudeste asiático. A crise global no sector do Turismo atingiu o país com dureza, visto que a economia tailandesa assenta fortemente nos milhões de turistas que visitam a nação. Além dos empregos extintos na restauração e hotelaria, a pandemia teve um forte impacto nos parques de elefantes: de acordo com a BBC, cerca de mil animais arriscam-se a passar fome como consequência da quebra de receitas destes recintos.

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O elefante, um dos símbolos da Tailândia, é um dos principais afectados com a crise provocada pela pandemia da covid-19 no país do Sudeste asiático. A crise global no sector do Turismo atingiu o país com dureza, visto que a economia tailandesa assenta fortemente nos milhões de turistas que visitam a nação. Além dos empregos extintos na restauração e hotelaria, a pandemia teve um forte impacto nos parques de elefantes: de acordo com a BBC, cerca de mil animais arriscam-se a passar fome como consequência da quebra de receitas destes recintos.

Os proprietários destes parques alegam que, sem as receitas dos visitantes, não têm capacidade de suportar os avultados custos de alimentação destes animais. Nestes espaços, os turistas têm a hipótese de interagir com os animais, chegando mesmo a alimentá-los e a montá-los — actividade duramente criticada pelas associações de direito animal do país.

“Se não existir qualquer apoio para os manter seguros, estes elefantes, entre os quais algumas grávidas, vão morrer de fome ou ser postos a mendigar na rua”, disse à BBC o fundador da Save Elephant Foundation, Lek Chailert.

Financeiramente sufocados, os gestores destes parques ficam com poucas alternativas. A mais evidente é vender os animais a jardins zoológicos. A segunda hipótese, diz a BBC, passa por colocar os animais ao serviço das empresas madeireiras, prática banida desde 1989.

“O pior cenário é o de os donos terem de escolher entre eles e os elefantes. As pessoas aqui não têm muito, mas estão a fazer o que podem para manterem os animais vivos por agora”, explica Kerri McCrae, responsável pelo Kindred Spirit Elephant Sanctuary. Kerri explica que o seu espaço já acolheu cerca de 70 elefantes desde o início desta crise, doados pelos proprietários que não conseguiam dar conta das despesas.

De acordo com os dados do The New York Times, a alimentação de um elefante – que pode chegar aos 36 euros por dia – é o triplo do salário mínimo diário na Tailândia. Em Fevereiro, o turismo desceu 44% face ao período homólogo do ano passado. Em Março, estima-se que o impacto negativo tenha sido ainda maior.

As associações de direitos animais, que criticam a actuação destes parques há décadas acusando-os de abuso e maus tratos aos elefantes, pedem um subsídio ao Governo para que consigam ser assegurados os direitos básicos de alimentação destes animais. Estima-se que na Tailândia existam 3800 elefantes “domesticados”, com outros três mil a viver em liberdade. 

A Tailândia tem 2169 casos de covid-19, totalizando 23 óbitos desde o início da pandemia.