Covid-19: australianos eliminam vírus in vitro com ivermectina, fármaco produzido em Portugal
Tanto os investigadores como o director comercial da farmacêutica Hovione, que garante grande parte da produção mundial de ivermectina, pedem cautela e falam em meses até se saber se o fármaco é, ou não, eficaz. Para já, é uma questão de tempo e financiamento.
Uma equipa de investigadores australianos afirma ter demonstrado que a ivermectina, um medicamento antiparasitário, pode eliminar o novo coronavírus em 48 horas em provas in vitro, de acordo com um estudo publicado pela Antiviral Research. Os especialistas da universidade australiana de Monash, Melbourne, advertem que as provas foram realizadas em culturas celulares e que ainda não é possível realizar ensaios em seres humanos.
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Uma equipa de investigadores australianos afirma ter demonstrado que a ivermectina, um medicamento antiparasitário, pode eliminar o novo coronavírus em 48 horas em provas in vitro, de acordo com um estudo publicado pela Antiviral Research. Os especialistas da universidade australiana de Monash, Melbourne, advertem que as provas foram realizadas em culturas celulares e que ainda não é possível realizar ensaios em seres humanos.
Uma dose de ivermectina “pode deter o crescimento do SARS-CoV-2 numa cultura celular, erradicando de maneira efectiva todo o material genético do vírus num prazo de 48 horas”.
Grande parte da produção mundial deste fármaco é assegurada pela farmacêutica portuguesa Hovione, com operação também em Macau, mas o seu director comercial, Marco Gil, pede cautela. “Neste momento, têm de ser feitos estudos em pacientes e descobrir-se a dose terapêutica para se apurar se, de facto, essa dose está dentro dos limites de toxicidade com que pode ser usado este produto”, diz, em declarações à rádio Renascença.
Marco Gil esclarece que só daqui a “cerca de seis a nove meses” se saberá o resultado de uma possível eficácia do fármaco no combate ao vírus SARS-CoV-2, que causa a doença covid-19.
O próximo passo, assinala a universidade em comunicado, “é determinar a dose humana correcta”. O uso da ivermectina para combater a covid-19 depende das provas pré-clínicas e dos ensaios clínicos. Para tal, a universidade afirma que “necessita urgentemente de financiamento para avançar com o trabalho”.
O fármaco, aprovado pela Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA), já demonstrou ser eficaz in vitro contra uma “ampla gama de vírus”, incluindo o VIH, o dengue, a gripe e o vírus Zika.
A responsável principal do estudo da Universidade de Monash, Kylie Wagstaff, explicou que “apenas uma dose pode eliminar todo o ARN viral em 48 horas e que em 24 horas já se nota uma redução significativa”, nos ensaios in vitro.
“Nos tempos em que vivemos – de pandemia – e em que não existe um tratamento aprovado, se tivéssemos um composto que já estivesse disponível em todo o mundo, as pessoas poderiam ser ajudadas. Mas, sendo realistas, vai ser preciso tempo para que uma vacina esteja amplamente disponível”, disse a investigadora.
Apesar de não se conhecer o mecanismo em que a ivermectina actua no coronavírus, tendo em conta a acção em outros vírus, “é provável que funcione para deter a capacidade do vírus e de travar a capacidade das células para o eliminar”, disse ainda Wagstaff.
O uso deste medicamento para combater a covid-19 depende, segundo a cientista, dos resultados de mais provas pré-clínicas e, em último caso, de ensaios clínicos, possíveis pelo financiamento “que se torna urgente” para continuar a investigação.
A pandemia provocada pelo novo coronavírus fez pelo menos 59.456 mortos em todo o mundo desde o surgimento do primeiro caso, em Dezembro, na China, segundo um balanço feito este domingo pela agência AFP a partir de números oficiais. Os casos de infecção pelo vírus ascendem a 1,2 milhões (1.122.320) em 190 países e territórios. Até hoje, 211.600 pessoas foram consideradas curadas da doença (covid-19).
Itália, o país que regista o maior número de mortos, 14.681, notificou 119.827 casos, entre os quais quase 20 mil pessoas (19.758) curadas. Depois de Itália, os países mais afectados são Espanha, com 11.744 mortos em 124.736 casos; os Estados Unidos, com 7159 mortos em 278.458 casos; França, com 6507 mortos em 83.165 casos; e o Reino Unido, com 3605 mortos em 38.168 casos. Em número de casos, os Estados Unidos são o país mais atingido (278.458), dos quais 7159 mortais e 9772 curados.