Google partilha movimentos das pessoas para ajudar a travar a covid-19

O objectivo é ajudar os governos dos vários países a tomar decisões que ajudem a travar a propagação da covid-19 com base nos hábitos dos cidadãos. Não é obrigatório participar.

Foto
O objectivo da iniciativa é facilitar a gestão do isolamento social Reuters/Aly Song

O Google vai começar a partilhar informação sobre as movimentações dos utilizadores em diferentes áreas (como zonas residenciais, parques, e supermercados) para ajudar a travar a propagação da covid-19. O primeiro relatório de mobilidade comunitária, que inclui informação de 131 países, incluindo Portugal, foi publicado esta sexta-feira.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O Google vai começar a partilhar informação sobre as movimentações dos utilizadores em diferentes áreas (como zonas residenciais, parques, e supermercados) para ajudar a travar a propagação da covid-19. O primeiro relatório de mobilidade comunitária, que inclui informação de 131 países, incluindo Portugal, foi publicado esta sexta-feira.

O objectivo é ajudar os governos dos vários países a tomar decisões que ajudem a travar a propagação da covid-19 com base nos novos hábitos dos cidadãos. Com muitas pessoas em regime de teletrabalho, quarentena, ou isolamento social, não é tão fácil perceber as horas mais populares para visitar supermercados, farmácias ou utilizar transportes públicos. Analisar as mudanças permitirá tomar decisões como, por exemplo, aumentar o número de autocarros disponíveis a uma dada hora para garantir o cumprimento da distância de segurança.

“Não partilhamos números absolutos de visitas”, frisa a equipa do Google, em comunicado, sublinhando que “para proteger a privacidade das pessoas, nunca são disponibilizados dados com informação identificável, como a localização de um indivíduo, os seus contactos, ou movimentos”.

Os novos relatórios usam dados agregados e anónimos para traçar tendências nas deslocações das pessoas (até às últimas 48-72 horas) em diferentes categorias de locais como retalho, supermercado, farmácias, parques, transportes públicos, locais de trabalho e zonas residenciais. No relatório referente a Portugal, por exemplo, vê-se que existiu uma queda de 59% na ida a farmácias durante o mês de Março, mas não são partilhados dados sobre os estabelecimentos mais populares ou a zona onde ficam.

Foto

O Google diz que também está a colaborar com epidemiologistas numa base de dados anonimizada para perceber melhor a evolução da pandemia. Informação idêntica já foi utilizada no passado em análises de planeamento urbano e prevenção de epidemias. 

Geolocalização não é obrigatória

Em resposta ao PÚBLICO, a equipa do Google sublinha que não é obrigatório fazer parte dos relatórios de mobilidade. Se o utilizador não quiser partilhar os dados de localização com o Google, pode desligar o histórico de localizações associado à sua conta que está desactivado por defeito (uma das finalidades é a Timeline do Google, uma linha do tempo que regista todos os locais por onde um utilizador passa). 

Para impedir o Google de receber a localização no computador siga Gerir Conta Google (disponível ao carregar no ícone do utilizador no canto superior direito do navegador) > Dados e personalização > Histórico de localizações. Em telemóveis Android vá a Definições > Segurança e localização. Em iOS, vá a Definições > Privacidade > Localização e seleccione as aplicações com que não quer partilhar o local onde se encontra.

“Entender não só se as pessoas se estão a deslocar, mas também tendências nos destinos, pode ajudar as autoridades a elaborar orientações para proteger a saúde pública e as necessidades essenciais das comunidades”, realça a equipa do Google na apresentação dos novos relatórios.

Para garantir a privacidade dos dados dos utilizadores que mantêm a geolocalização activa, o Google recorre à técnica de privacidade diferencial que introduziu “barulho” na base de dados. Em termos práticos, isto quer dizer que não é possível saber o número total de visitas a um determinado local — há sempre uma pequena porção de incerteza (cerca de 5%) nos dados apresentados.

Com isto, nunca é possível ver a influência de um só utilizador (mesmo anónimo) na base de dados de um dia par ao outro. Isto impede a identificação de utilizadores com padrões fora da norma, como por exemplo uma pessoa que vai 100 vezes por mês ao mesmo café. Esta técnica também está a ser aplicada para garantir a privacidade dos censos nos EUA.

Editado 08h00, 03/04/2020: Acrescentada informação sobre os relatórios publicados às 07h00 pelo Google.