Morreu Juan Giménez, autor de culto da BD de ficção cientifica
Aos 76 anos, o argentino é mais uma vítima da covid-19. Entre os seus trabalhos mais conhecidos contam-se A Casta dos Metabarões, concretizado na companhia do escritor chileno Alejandro Jodorowsky.
O desenhador e ilustrador argentino Juan Giménez, um autor de culto da banda desenhada de ficção cientifica, morreu esta sexta-feira, de covid-19, na sua cidade natal, Mendoza. Tinha 76 anos e estava internado no hospital central local desde que havia regressado de Sitges, perto de Barcelona, onde residia há alguns anos e onde se supõe que terá contraído o vírus.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O desenhador e ilustrador argentino Juan Giménez, um autor de culto da banda desenhada de ficção cientifica, morreu esta sexta-feira, de covid-19, na sua cidade natal, Mendoza. Tinha 76 anos e estava internado no hospital central local desde que havia regressado de Sitges, perto de Barcelona, onde residia há alguns anos e onde se supõe que terá contraído o vírus.
Conhecido pelos seus desenhos poderosos, evocativos e, às vezes, assustadores, mergulhava nas profundezas de galáxias distantes com grande à-vontade, revelando uma imaginação transbordante, que investia em ilustrações singulares, cheias de detalhes de enorme delicadeza e revelando uma extrema atenção a pormenores técnicos e históricos – uma das marcas mais reconhecíveis do seu estilo, como demonstrará na série Ás de Espadas. Entre os seus trabalhos mais conhecidos contam-se A Casta dos Metabarões, concretizado na companhia do escritor chileno Alejandro Jodorowsky, Basura, em conjunto com Carlos Trillo, A Cidade e Estrela Negra, com Ricardo “El Loco” Barreiro, ou O Quarto Poder, que ele próprio escreveu.
Juan Giménez nasceu em 1943 na Argentina, tendo estudado na Academia de Belas Artes de Barcelona. Estreou-se na banda desenhada, inspirando-se nos desenhos de Hugo Pratt e Francisco Solano López, com trabalhos para as editoras argentinas Colomba e Record. De regresso a Espanha, trabalhou nas revistas espanholas Zona 84 e Comix International e nas italianas Lanciostory e Skorpio, focando-se em histórias de guerra e ficção científica. Em 1980, projectou o segmento Harry Canyon do filme Heavy Metal, e na década que se seguiu colaborou com várias revistas europeias, incluindo a espanhola 1984, a francesa Metal Hurlant e a italiana L'Eternauta, experimentando inovações gráficas e narrativas. Data deste período uma das suas melhores séries, as curtas histórias de ficção científica conhecidas sob o título de Time Paradox.
Ao mesmo tempo, colabora com outros autores importantes, como Emilio Balcarce ou Roberto Dal Prà. Mas será com o chileno Alejandro Jodorowsky que conceberá a famosa saga Metabarões, a partir de 1992. Jodorowsky entrou em contacto com Giménez por causa do seu estilo virtuoso, e pediu-lhe que desenhasse a personagem do meta-barão. Desse convite partiram os dois para uma saga de oito volumes que lhes traria grande sucesso, convertendo-os em dois dos artistas de ficção científica mais admirados do universo da banda desenhada. Os seus trabalhos conjuntos chegaram a ser exibidos, por exemplo, no Centre Georges Pompidou, em Paris, em 1997.