Venezuela: PCP condena apoio do Governo ao plano dos EUA para “transição democrática”
Plano proposto pelos americanos prevê eleições presidenciais sem Maduro nem Guaidó.
O PCP condenou esta quarta-feira o apoio do Governo português ao Plano de Transição Democrática para a Venezuela, proposto pelos EUA, que prevê a realização de eleições presidenciais sem Maduro nem Guaidó.
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O PCP condenou esta quarta-feira o apoio do Governo português ao Plano de Transição Democrática para a Venezuela, proposto pelos EUA, que prevê a realização de eleições presidenciais sem Maduro nem Guaidó.
Para os comunistas, este apoio “coloca o Governo do PS na primeira linha de uma nova escalada agressiva do imperialismo norte-americano”.
Em comunicado, o PCP acusa os Estados Unidos de tentarem utilizar a situação criada com o surto da covid-19 para “vergar a resistência patriótica do povo venezuelano”.
Os comunistas classificam de “indigno” o apoio anunciado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) de Portugal ao plano norte-americano, que consideram constituir “um novo e gravíssimo ato de agressão aos direitos e à soberania do povo venezuelano”.
Os Estados Unidos apresentaram um Plano de Transição Democrática para a Venezuela estabelecendo que o Presidente eleito, Nicolás Maduro, e o autoproclamado Presidente interino, Juan Guaidó, se afastem para permitir que um Conselho de Estado Plural prepare a realização de eleições presidenciais nos próximos meses, tendo como contrapartida o fim das sanções económicas internacionais contra o regime de Caracas.
A reacção do partido surge depois de o MNE de Portugal ter manifestado, na passada terça-feira, satisfação com o plano proposto pelos EUA, saudando esta solução política e lembrando a sua urgência, perante a crise sanitária global, provocada pela pandemia de covid-19, que está a afectar gravemente a sociedade venezuelana.
“Neste momento, mais do que nunca, é necessário ultrapassarem-se as divergências políticas, face aos enormes desafios que enfrentam todos os venezuelanos”, acrescentou o ministério liderado por Augusto Santos Silva.
“O PCP condena com particular veemência este novo ato de ingerência nos assuntos internos de um país soberano e reitera a exigência de que o Governo português respeite a Constituição da República Portuguesa e não associe o nome de Portugal às operações agressivas do imperialismo, em aberto confronto com o direito internacional”, vincam os comunistas.
O partido expressou a sua solidariedade para com o povo venezuelano e à comunidade portuguesa que vive no país, pedindo ao governo português “o fim imediato das ilegais e unilaterais sanções dos EUA e da UE [União Europeia] contra a Venezuela” e que o executivo não compactue com “as sanções e bloqueio económico e financeiro que tanto atingem o povo venezuelano e que os EUA se recusam a levantar”.
O Governo venezuelano de Nicolas Maduro recusou na passada terça-feira o pedido dos EUA para formar um governo de transição, já a oposição, liderada por Juan Guaidó, apoiou a iniciativa norte-americana.
A crise política, económica e social, venezuelana, agravou-se desde Janeiro de 2019, quando o presidente do parlamento, o opositor Juan Guaidó, jurou publicamente assumir as funções de presidente interino da Venezuela, até conseguir afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um governo de transição e eleições livres e democráticas no país.
Cerca de 60 países, incluindo Portugal, reconhecem a legitimidade do auto-intitulado Presidente interino, Juan Guaidó, e pedem novas eleições na sequência de uma crise política provocada pelas eleições presidenciais de 2018, em que Maduro saiu vencedor sob críticas de falta de transparência por parte da oposição.
A Venezuela atravessa uma grave crise política, económica e social que já levou milhões de cidadãos a atravessarem as fronteiras, procurando asilo nos países vizinhos.