Covid-19: Governo excluiu cordão sanitário à volta do Porto

Secretário de Estado da Saúde esvazia declarações de Graça Freitas e esclarece que a cerca sanitária terá de ser sempre sustentada pela avaliação de risco feita pela autoridade de saúde, o que não aconteceu.

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Secretário de Estado da Saúde tenta esvaziar polémica sobre carca sanitára à volta do Porto LUSA/MIGUEL A. LOPES

Um dia depois da directora-geral de Saúde, Graça Freitas, ter anunciado que estava a ser equacionada uma decisão no sentido de se avançar com uma cerca sanitária à volta do Porto por causa da pandemia de covid-19, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, quis enterrar o assunto, declarando que “neste momento não faz qualquer sentido colocar-se essa situação”.

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Um dia depois da directora-geral de Saúde, Graça Freitas, ter anunciado que estava a ser equacionada uma decisão no sentido de se avançar com uma cerca sanitária à volta do Porto por causa da pandemia de covid-19, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, quis enterrar o assunto, declarando que “neste momento não faz qualquer sentido colocar-se essa situação”.

“No caso concreto do Porto, não houve qualquer indicação da autoridade de Saúde nesse sentido [de estabelecer um cordão sanitário] e, portanto, não faz qualquer sentido essa situação”, sublinhou o secretário de Estado, na conferência de imprensa que diariamente decorre, em Lisboa, para fazer o ponto da situação dos números da crise pandémica de covid-19 no país.

Referindo-se às declarações da responsável máxima pela Direcção-Geral da Saúde (DGS), o governante tratou de esvaziar a polémica, afirmando que Graça Freitas “falou em ponderação de situações de uma forma generalista, não se referindo particularmente ao Porto, mas de um forma generalista relativamente à possibilidade de cercas sanitárias (…) porque há muitas situações em que isso se poderá colocar”.

Na ocasião, o secretário de Estado precisou que a decisão de estabelecer uma cerca sanitária terá de ser sempre sustentada pela avaliação de risco feita pela autoridade de saúde.

As declarações da directora-geral de Saúde desagradaram aos autarcas da Área Metropolitana do Porto, mas não só, que consideram não existir razões para a medida. O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, foi um dos primeiros a criticar a directora-geral de Saúde e fê-lo com veemência.

De acordo com o boletim epidemiológico de segunda-feira que reporta ao dia anterior, o concelho do Porto registava 941 casos confirmados ao fim do dia de domingo, o que representava um aumento de 524 casos de infecção pelo novo coronavírus relativamente a sábado. A DGS admitiu uma dupla contagem dos casos no Porto e o assunto seria abordado na conferência de imprensa, que não contou com a presença de Graça Freitas, como é habitual. As explicações ficaram, assim, a cargo do subdirector-geral de Saúde, Diogo Cruz, que admitiu a duplicação de alguns casos registados no primeiro boletim. Questionado especificamente sobre a duplicação de casos no concelho do Porto, o secretário de Estado não confirmou os números, nem adiantou se esta situação se verificou ou não. “Em relação ao Porto, neste momento, não faz qualquer sentido colocar-se essa situação, independentemente da duplicação”, disse.

Rui Moreira não perdeu tempo a manifestar-se. “Sobre o cerco…tínhamos razão. Como está comprovado. Números errados e pré-anúncio de decisões inúteis. Ainda bem que prevalece o bom senso e que alguém esclarece com clareza”, escreveu na sua página pessoal do Facebook.

Por iniciativa da Câmara do Porto, começou a ser construída esta terça-feira uma terceira unidade a pensar em futuras pessoas com covid-19 que servirá de “retaguarda” aos grandes centros hospitalares da cidade. O “hospital de missão”, nas palavras de Rui Moreira, está a ser construído no Pavilhão Rosa Mota e deverá estar pronto em pouco mais de uma semana.