As mensagens virtuais da primeira-ministra mantêm o ânimo numa Nova Zelândia em quarentena

O país de cinco milhões de habitantes tem ainda poucos casos de infecção e apenas uma morte, mas está em quarentena para tentar travar a propagação do vírus.

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Jacinda Ardern nos seus "pontos de situação" digitais DR

Horas depois de a Nova Zelândia ter imposto uma quarentena nacional para travar a propagação da pandemia do novo coronavírus, a primeira-ministra Jacinda Ardern foi até ao Facebook para fazer um vídeo em directo. Vestida com uma sweater a partir da cama, perguntou como todos estavam e contou aos cidadãos as novidades do dia.

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Horas depois de a Nova Zelândia ter imposto uma quarentena nacional para travar a propagação da pandemia do novo coronavírus, a primeira-ministra Jacinda Ardern foi até ao Facebook para fazer um vídeo em directo. Vestida com uma sweater a partir da cama, perguntou como todos estavam e contou aos cidadãos as novidades do dia.

A primeira-ministra faz conferências de imprensa durante mais de 30 minutos por dia, responde a questões, partilha vídeos no Facebook e publica fotografias no Instagram – o que contrasta com alguns líderes mundiais que têm tropeçado em briefings confusos sobre os planos de combate ao vírus.

“Pensei em dar um saltinho online só para ver se estavam todos bem… enquanto nos preparamos para nos resguardarmos durante umas semanas”, disse Jacinda Ardern numa das suas mensagens divulgadas nas redes sociais, vistas e aclamadas por milhões de pessoas em isolamento.

“Isto é uma sensação parecida à de ser aconchegado na cama à noite pela minha mãe”, comentou uma pessoa que estava a assistir. “Obrigada pela atenção.”

O balanço de 589 infectados e uma morte na Nova Zelândia é pequeno quando comparado com outros países como a vizinha gigante Austrália, que tem 4200 casos confirmados e 17 mortes. Espera-se que a quarentena imposta na quinta-feira tenha efeitos de longo prazo na economia da nação de cinco milhões de habitantes, focada nas exportações para o Oriente. Mas a comunicação límpida da primeira-ministra de 39 anos tem sido elogiada, mesmo pela oposição e pelos críticos de Ardern.

“Penso que ela comunica muito bem e de forma muito clara”, afirmou num programa de rádio o antigo primeiro-ministro John Key, que é também líder do partido de oposição.

Enquanto pede aos neozelandeses que fiquem em casa para salvar vidas, Ardern também tem falado sobre como é trabalhar no seu escritório, passar tempo com a família e até mesmo as complicações em ensinar a filha (que fará dois anos em Junho) a usar a sanita.

Ardern assumiu o controlo do governo neozelandês em Outubro de 2017, tornando-se a primeira-ministra mulher mais jovem na altura. Foi a segunda líder mundial a dar à luz em funções, depois da antiga primeira-ministra paquistanesa Benazir Bhutto.

As suas acções humanas mas assertivas depois de um massacre no ano passado em duas mesquitas em Christchurch trouxeram-lhe louvores de todo o mundo. Mas lidar com a crítica interna da forma como o seu governo lidará com as carências na economia poderá dar a Ardern uma reeleição complicada em Setembro.