Ler para viver melhor o isolamento a que obriga a pandemia

Resolver problemas através da leitura é a proposta da biblioterapia. Nesta terceira semana de isolamento, Sandra Barão Nobre dá duas sugestões para ler em casa.

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Josh Applegate/Unsplash

Esta semana, um livro infanto-juvenil, que pode e deve ser lido em família, e um romance que interessará aos mais velhos, que também explora a questão do diálogo entre gerações. Ambos escolhidos para ajudar a viver melhor o isolamento social e a adquirir uma outra perspectiva acerca desta circunstância, que não é um exclusivo dos tempos de pandemia:

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Esta semana, um livro infanto-juvenil, que pode e deve ser lido em família, e um romance que interessará aos mais velhos, que também explora a questão do diálogo entre gerações. Ambos escolhidos para ajudar a viver melhor o isolamento social e a adquirir uma outra perspectiva acerca desta circunstância, que não é um exclusivo dos tempos de pandemia:

Olá Farol!, de Sophie Blackall, de Editora Fábula

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Este pequeno livro premiado leva o leitor a viajar até aos tempos em que os faróis não eram mecanizados e a profissão de faroleiro/a estava longe de se extinguir. Através do texto simples, delicado e das belíssimas ilustrações é possível acompanhar a vida destes profissionais — maioritariamente homens, embora também tenham existido faroleiras — sujeitos a grandes períodos de isolamento, mas nem por isso livres de rotinas muito exigentes.

Um livro que, além de dar dicas sobre como ocupar o tempo em períodos de isolamento, estimula a reflexão sobre a firmeza do carácter, o espírito de compromisso, o sacrifício, a persistência perante as adversidades, a coragem, a capacidade empreendedora, a disciplina, o brio profissional (podendo ser feito um paralelismo com a exigência do trabalho e do estudo que agora se fazem em casa), a solidariedade e a gratidão (porque os faroleiros, tal como nós agora, dependiam dos serviços de terceiros sem os quais não sobreviveriam), o companheirismo, o amor e o respeito, num tom optimista e alegre.

Teoria Geral do Esquecimento, de José Eduardo Agualusa

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Ludovica, uma mulher portuguesa, parte contrariada para Angola e é apanhada de surpresa pela independência do país e tumultos que daí resultam. Movida pelo medo, à medida que o seu prédio se vai esvaziando de colonos portugueses, decide emparedar-se no apartamento onde reside e assim vive 30 anos, completamente isolada. Até que surgem outros personagens, que lhe trazem novas do mundo e não só.

Um romance que explora o medo e os seus efeitos em tempos de anormalidade, testemunha a destreza, a astúcia e a resiliência necessárias para sobreviver num quadro de isolamento (com todas as carências e fragilidades que daí resultam) e gerir recursos escassos. Mas que veicula também uma mensagem de esperança e fé, alimentada pela capacidade de entreajuda e solidariedade, que chega muitas vezes pelas mãos dos mais novos. 

Boas leituras!