Quero Ajudar: uma plataforma que liga quem precisa a quem pode ajudar

A Quero Ajudar destina-se a angariar pedidos de ajuda e ofertas de voluntários em tempos de coronavírus. Os números de mediações bem sucedidas não pararam de crescer — e “a solidariedade dos portugueses a cada dia surpreende mais”.

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Desenvolvida por profissionais portugueses e brasileiros, em conjunto com o programa E-Commerce Experience, a plataforma Quero Ajudar pretende reunir voluntários para ajudar quem mais precisa neste momento de pandemia de covid-19.

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Desenvolvida por profissionais portugueses e brasileiros, em conjunto com o programa E-Commerce Experience, a plataforma Quero Ajudar pretende reunir voluntários para ajudar quem mais precisa neste momento de pandemia de covid-19.

A iniciativa partiu de Vanessa Caldas e Ariel Alexandre, o casal por detrás do E-Commerce Experience. Brasileiros a morar há dois anos em Portugal, começaram a tecer o projecto assim que entraram em isolamento social, contam ao P3. “Tudo por conta daqueles bilhetes que as pessoas estavam a colocar nas portarias, a oferecer ajuda aos vizinhos”.

Acharam que o alcance de cada aviso por porta era limitado, “porque os idosos e as pessoas mais em risco estarão realmente isolados”, e daí nasceu a ideia de uma plataforma, para quem estivesse menos possibilitado de pedir ajuda. Em dois dias, Ariel desenvolveu-a e ao terceiro já tinham uma rede de 15 pessoas pronta a levar a Quero Ajudar para a frente.

O funcionamento é simples: quem quiser ajudar só tem que se inscrever e descrever onde e que apoio pode dar; quem precisar de ajuda descreve o pedido, que é transmitido à rede de voluntários — 1342, à data da entrevista. O pedido é, depois, analisado e correspondido, permanecendo a confidencialidade dos dados.

Há uma triagem dos pedidos de ajuda, “até para ver se estes estão completos”, dado que, no calor do desespero, muitas vezes a comunicação não segue como seria ideal. Múltiplas necessidades podem ser colmatadas, mas Vanessa e Ariel asseguram que o que mais recebem é pedidos para ir ao supermercado, seguidos de pedidos para ir à farmácia. Apelos à doação de comida também têm muito registo, assim como pessoas que precisam que alguém vá passear os seus animais de companhia.

“O maior número de voluntários está em Lisboa e no Porto”, mas podem encontrar-se “por todo o país, ilhas incluídas, de todas as idades e todos os estratos sociais”. Apesar de não proporcionar transacções financeiras, a plataforma media o contacto entre empresas que queiram doar algo — como mão-de-obra para a confecção de máscaras — e instituições que necessitem. 

É possível, ainda, oferecer donativos específicos a profissionais de saúde — bens alimentares ou produtos necessários em contexto médico — e quem quiser tem uma área onde pode deixar palavras de apoio aos “heróis” do ramo da saúde. “Pode parecer [uma ideia] muito boba, mas as pessoas estão mesmo a enviar mensagens, a agradecer de verdade.”

Para já, Vanessa e Alexandre alertam para o facto de ser comum receberem pedidos de ajuda psicológica. Contam com uma rede de psicólogos, para os quais estas chamadas de ajuda são sempre encaminhadas, mas temem pelas próximas semanas, em que “as coisas se vão complicar mais”.

Vanessa e Ariel gostavam de ampliar o projecto além-fronteiras, mas primeiro querem encontrar equipas tão minuciosas como a que juntaram em Portugal para, depois, disponibilizarem a tecnologia. “A solidariedade dos portugueses a cada dia nos surpreende mais.”