Coronavírus: Espanha pára todas as actividades económicas não essenciais
Governo anuncia que a medida vai vigorar até 9 de Abril, depois de pelo segundo dia consecutivo se ter registado a maior subida consecutiva de mortes por covid-19: 838, num total de 6531 óbitos.
O Governo espanhol tentou evitar esta medida a todo o custo, mas a realidade dos números impôs-se. A partir de segunda-feira, encerram até 9 de Abril todos os sectores económicos considerados não essenciais, depois de se saber que Espanha teve o maior aumento diário de mortes em 24 horas pelo segundo dia consecutivo: mais 838, aumentando para 6531 desde o início da pandemia. O país tem mais de 78 mil pessoas infectadas e 43.397 estão hospitalizadas.
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O Governo espanhol tentou evitar esta medida a todo o custo, mas a realidade dos números impôs-se. A partir de segunda-feira, encerram até 9 de Abril todos os sectores económicos considerados não essenciais, depois de se saber que Espanha teve o maior aumento diário de mortes em 24 horas pelo segundo dia consecutivo: mais 838, aumentando para 6531 desde o início da pandemia. O país tem mais de 78 mil pessoas infectadas e 43.397 estão hospitalizadas.
“Aprovámos este decreto inédito no sistema jurídico espanhol. É essencial reduzir o número de pessoas infectadas. Isto alcança-se reduzindo a mobilidade a níveis semelhantes aos do fim-de-semana”, disse este domingo a porta-voz do executivo espanhol, María Jesús Montero, em conferência de imprensa após o Conselho de Ministros extraordinário. Montero salientou que a quarentena obrigatória está a dar frutos contra a propagação do coronavírus, mas que é “preciso dar mais um passo”, para que não se permita “nem uma pequena margem” de manobra à doença na semana da Páscoa.
Espanha é o segundo país do mundo com mais mortes, ficando apenas atrás de Itália (10.023). Há 4907 pessoas internadas nos cuidados intensivos e o Ministério da Saúde alerta que seis regiões têm os serviços de cuidados intensivos prestes a esgotar completamente a sua capacidade, e três outras estão a aproximar-se desse ponto, diz o El Pais.
Há uma semana que o Governo espanhol tentava evitar decretar o encerramento de todas as empresas não essenciais, com o Unidas Podemos, parceiro de coligação do PSOE, alguns ministros socialistas e a oposição a pedirem que a medida avançasse de imediato. A ala económica do executivo espanhol, diz o El País, resistiu por temer que a economia se degradasse ainda mais, mas viu-se obrigada a ceder perante o aumento exponencial de casos e mortes em Espanha nas últimas 48 horas. Os 47 milhões de espanhóis já estão proibidos de sair de casa, exceptuando por razões de “força maior".
De acordo com o El País, quem produz e vende bens essenciais, como alimentos, medicamentos, produtos de higiene, combustíveis, jornais, tabaco, comida para animais e equipamento tecnológico poderá continuar a funcionar. Os bancos e lavandarias também permanecerão de portas abertas e as empresas que estejam a trabalhar em regime de teletrabalho não serão afectadas. Todas as restantes empresas e negócios terão de encerrar a partir desta segunda-feira, até 9 de Abril.
Os trabalhadores no activo e que não pertençam a sectores essenciais vão permanecer em casa nos próximos 11 dias (oito dias laborais) recebendo o salário por inteiro. Findo este período, os trabalhadores terão de compensar a entidade patronal pelas horas de trabalho não feitas, respeitando as horas de descanso. Por exemplo, os trabalhadores e as empresas poderão acordar que os primeiros trabalhem mais uma hora por dia até o banco de horas terminar. Mas as empresas podem continuar a praticar layoff.
“Serão os trabalhadores em negociações com a empresa a determinar a forma como vão compensar estas horas, respeitando as pausas diárias e semanais. Deve ser compatível com os contratos de trabalho. Será muito flexível”, disse na mesma conferência de imprensa a ministra do Trabalho, Yolanda Díaz. “Não vamos aceitar qualquer tipo de pressão para alterar este confinamento”, avisou.
“Esta medida vai reduzir a mobilidade das pessoas ainda mais, vai diminuir o risco de contágio e permitir-nos retirar pressão das unidades de cuidados intensivos”, disse o chefe de Governo, Pedro Sánchez.
“O aumento de novas infecções tem estado a descer nos últimos dias. Hoje está nos 9%, mas é preciso ter cuidado por ser fim-de-semana, pode haver um atraso”, disse este domingo, em conferência de imprensa, Fernando Símon, director do Centro de Coordenação de Alertas e Emergências de Saúde. “Todos os indicadores da evolução da epidemia estão a ir numa boa direcção. O número de reprodução [Rx, a quantas pessoas uma pessoa infectada transmite o vírus a outras] está a aproximar-se do um [no início da epidemia estava em 3], mas não há certezas”.
O isolamento social, continuou Símon, tem sido fundamental para se evitar um ainda maior número de casos e, principalmente, a saturação dos serviços de cuidados intensivos, a grande preocupação neste momento. “O número de pessoas nos cuidados intensivos continua a aumentar e há várias comunidades a estarem já no limite, então temos de aplicar mais medidas de controlo”, disse o responsável de saúde. “A grande preocupação é garantir que os cuidados de saúde não atingem a saturação”.
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