Centro Hospitalar de São João garante 100 camas ventiladas para doentes infectados

Para responder à procura cada vez maior de doentes com covid-19, centro hospitalar do Porto faz alterações significativas e nem os blocos operatórios escapam. Penúltimo nível do plano de contingência deve ser activado nas próximas horas.

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Centro Hospitalar São João faz alterações para melhor responder à pandemia do coronavírus PAULO PIMENTA / PUBLICO

O Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), no Porto – a primeira unidade de saúde portuguesa a receber doentes vítimas do novo coronavírus –, vai ter um total de 100 camas ventiladas para doentes infectados e considerados positivos (covid-19+), soube o PÚBLICO.

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O Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), no Porto – a primeira unidade de saúde portuguesa a receber doentes vítimas do novo coronavírus –, vai ter um total de 100 camas ventiladas para doentes infectados e considerados positivos (covid-19+), soube o PÚBLICO.

As medidas desenhadas pelo centro hospitalar para combater a pandemia prevêem um conjunto de alterações a nível do espaço físico que terão também reflexo nas próprias equipas que estão a tratar dos doentes infectados. Há unidades que estão já a ser apetrechadas com equipamentos adequados para receber os pacientes e no piso 8 está a nascer um bloco para cirurgias urgentes, exclusivamente para estes casos. Este bloco dispõe de uma sala de recobro própria. O bloco do serviço de Urgência não escapou às mudanças, mas já lá vamos.

Apesar de ser impossível prever a dimensão da pandemia em Portugal, designadamente a necessidade de internamentos em cuidados intensivos destes doentes, o São João reconhece que há uma procura cada vez maior. E para responder à pandemia do novo coronavírus, o Centro Hospitalar Universitário de São João preparou um plano de contingência que contempla seis níveis de activação, com o objectivo de ter organizado os espaços para receber os doentes com covid-19 à medida que o seu número aumenta.

Segundo o PÚBLICO apurou, os três primeiros níveis do plano de contingência “estão praticamente esgotados”. O nível de activação 1 envolveu as áreas da Unidade de Cuidados Intensivos e Doenças Infecciosas com seis camas; o nível de activação 2 contou com nove camas na Unidade de Cuidados Intensivos Medicina 6 (total: 15 camas); e o nível de activação 3 permitiu disponibilizar mais 11 camas no piso 6 (total: 26). Já o nível 4 envolveu a Unidade de Cuidados Pós-Anestésicos (UCPA), primeiro com as cinco camas do espaço reservado ao recobro prolongado, e depois com a transformação em cuidados intensivos das restantes 13 camas da área do recobro chamado recobro simples.

Nova fase de resposta

De acordo com o centro hospitalar, o CHUSJ encontra-se a preparar a nova fase (quinta) de alargamento da resposta em função das projecções internas de que dispõe no que diz respeito à procura e à evolução desta pandemia nas próximas semanas. O penúltimo nível do plano de contingência está a ser preparado e deverá ser activado nas próximas horas.

No âmbito das medidas pensadas, nem o bloco central do hospital nem o bloco do serviço de urgência escapam. Depois de as cirurgias programadas não-urgentes terem sido adiadas, a administração do São João decidiu aproveitar o principal bloco, instalado no piso 5, libertando as dez salas de que dispõe para responder à pandemia do novo coronavírus.

Desde terça-feira que os contentores que existem junto ao hospital de campanha do INEM foram transformados em serviços dedicados exclusivamente a casos de covid-19. “Esta nova área é dirigida a doentes moderados com suspeitas de covid-19. Inclui a disponibilidade de gases medicinais e um equipamento de radiografia digital, complementando o hospital de campanha do INEM, que está a ser utilizado para doentes leves”, informa o centro hospitalar numa nota enviada ao PÚBLICO, na qual se pode ler também que as instalações do edifico principal do hospital estão reservadas aos doentes graves e muito graves.

Quanto ao bloco do Serviço de Urgência, foi transformado num espaço com três salas, destinadas a cirurgias urgentes de doentes não-infectados pelo covid-19. Já as cirurgias urgentes para doentes infectados pelo novo coronavírus vão realizar-se no oitavo piso do edifício principal do hospital.

Junto à área de doentes graves do Serviço de Urgência está a ser instalado um equipamento de TAC (tomografia axial computadorizada) que deverá estar a funcionar no sábado (amanhã). “Esta resposta diferenciada, dedicada exclusivamente a doentes covid-19, permitirá uma informação imagiológica bastante exigente para os casos complexos, permitindo um diagnóstico, uma estratificação do risco e uma intervenção mais precoce e mais efectiva”, acrescenta a nota. Mas há outra vantagem: os doentes suspeitos não entram pelo espaço físico do hospital, evitando, assim, o contacto com os pacientes que têm outras patologias e que aguardam ser atendidos no serviço de Urgência.

O director do Serviço de Radiologia, António Madureira, citado pela Lusa, explica que, desta forma, a TAC da Urgência e o Serviço de Radiologia continuam a funcionar normalmente, apoiando doentes de outros serviços, sem estarem a ser afectados pelos exames dos doentes com covid-19. “Vamos poder avaliar de modo mais fiável a repercussão da doença a nível pulmonar e, assim, fazer uma melhor orientação e tratamento”, sustenta o director.

Na informação enviada ao PÚBLICO, o centro hospitalar revela que, até quarta-feira, realizou 4066 testes a pessoas com idades que vão de menos de um ano aos 90 anos. Dos 4066 testes realizados, houve 699 resultados positivos e destes – esclarece o hospital – há 176 que são de amostras biológicas provenientes de outras instituições do Serviço Nacional de Saúde. Os utentes que realizaram os testes residem nos distritos do Porto, Viseu, Coimbra, Aveiro, Viana do Castelo, Braga e Vila Real.

No Centro Hospitalar Universitário de São João encontram-se internados 87 doentes, dos quais 27 estão nos Cuidados Intensivos. A ser seguidos em ambulatório há 436 doentes, “tendo 14 já obtido critérios de recuperação (duas amostras negativas, feitas com intervalo superior a 24 horas)”, acrescenta o CHUSJ.