Ambientalista pede restrições no acesso à Mata do Ramiscal, na Peneda-Gerês

Miguel Dantas da Gama denuncia a prática de todo-o-terreno nos estradões circundantes à mata, e considera que os limites do parque nacional deveriam ser alargados para norte, de modo a protegê-la melhor.

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MANUEL ROBERTO / PUBLICO

A Mata do Ramiscal, um tesouro de biodiversidade localizado no noroeste do Parque Nacional da Peneda-Gerês, tem merecido a atenção das equipas do Corpo Nacional de Agentes Florestais colocados nos últimos anos a trabalhar nesta área protegida, mas o ambientalista Miguel Dantas da Gama, conhecedor profundo desta região, teme que o trabalho feito nesta área de protecção integral esteja a ser posto em causa, pela facilidade com que as pessoas acedem a este espaço. Para além de restrições de acesso, defende por isso que os limites do parque sejam alargados, naquela área, para norte. 

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A Mata do Ramiscal, um tesouro de biodiversidade localizado no noroeste do Parque Nacional da Peneda-Gerês, tem merecido a atenção das equipas do Corpo Nacional de Agentes Florestais colocados nos últimos anos a trabalhar nesta área protegida, mas o ambientalista Miguel Dantas da Gama, conhecedor profundo desta região, teme que o trabalho feito nesta área de protecção integral esteja a ser posto em causa, pela facilidade com que as pessoas acedem a este espaço. Para além de restrições de acesso, defende por isso que os limites do parque sejam alargados, naquela área, para norte. 

Membro do Conselho Estratégico do Parque Nacional, no qual representa as organizações não-governamentais do Ambiente, enquanto vice-presidente do Fapas - Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens, Dantas da Gama denunciou esta semana uma situação que vem verificando há anos. E que, assinalou em declarações ao PÚBLICO, não parou nestes tempos em que os portugueses são aconselhados a ficar em casa. 

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“O Ramiscal é uma diminuta parcela, a mais fragilizada da Área de Protecção Total (APT) por se encontrar afastada do ‘miolo’ do Parque Nacional, concretamente do núcleo mais consistente da serra do Gerês. Encontra-se completamente cercado por estradões que, sem restrições de acesso, são constantemente percorridos por praticantes de todo-o-terreno (de duas e quatro rodas, incluindo moto-quatro) que circulam em grupos mais ou menos numerosos, não apenas nos fim-de-semana”, descreve no e-mail que no início da semana enviou à directora regional da Conservação da Natureza, e aos autarcas de Arcos de Valdevez, em cujo território se situa a mata, e de Melgaço, que preside ao conselho estratégico.

Nessa carta, Dantas da Gama, que visita regularmente o PNPG, território sobre o qual já escreveu dois livros dedicados à águia-real e às árvores e prepara um outro, de carácter mais abrangente, pede “uma intervenção que ponha cobro aos desmandos que de uma forma crescente se vêm verificando nas vias que circundam o vale”. Em causa estão, principalmente, dois estradões nos limites da mata, que o ambientalista identifica. São vias “que tendo sido objecto de beneficiações, facilitam agora a circulação de veículos automóveis ligeiros e a prática descontrolada de várias actividades de lazer, sem um enquadramento devido, submetendo os valores naturais, nomeadamente a movimentação e a reprodução do lobo, a grande pressão”, alerta. 

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Para Miguel Dantas da Gama, “são inaceitáveis também actos de vandalismo perpetrados contra alguns exemplares de azevinho centenários que milagrosamente subsistem, alguns mesmo nas bermas das vias em causa”, e na base dos quais, diz, chegou a ver marcas de churrascos. Por isso, o ambientalista considera que é preciso limitar o acesso a veículos motorizados, ainda que “sem nunca colocar em causa os interesses das populações residentes na área”, sugere. 

Para além desta restrição imediata, o fundador do Fapas retoma uma proposta que fizera já aquando da revisão do Plano de Ordenamento do PNPG, de 2011, e sugere que seja estudado o alargamento da área protegida para norte do Ramiscal. Desta, forma, explicou ao PÚBLICO, a mata, que tem o estatuto máximo de protecção, deixaria de estar tão próxima das áreas de fronteira, possibilitando uma melhor gestão do espaço por parte das autoridades. Que têm, reconhece, feito um esforço para recuperar o parque, e aquela zona em específico, dos efeitos dos grandes incêndios das décadas passadas. Mas esse trabalho, insiste, está a ser posto em causa pela pressão a que aquele território tão frágil “continua a ser submetida”.