Tráfego de comunicações sobe 50% em tempo de confinamento
Isolamento social levou a uma maior utilização da voz fixa, um serviço que estava em queda desde 2013.
A Anacom revelou esta sexta-feira que o tráfego de comunicações electrónicas aumentou em cerca de 50% desde que as escolas encerraram e boa parte dos portugueses foi para casa, em regime de teletrabalho.
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A Anacom revelou esta sexta-feira que o tráfego de comunicações electrónicas aumentou em cerca de 50% desde que as escolas encerraram e boa parte dos portugueses foi para casa, em regime de teletrabalho.
Segundo os dados divulgados pelo regulador, com base nos números reportados pelas empresas de telecomunicações até 24 de Março, o aumento foi de cerca de 47% no caso do tráfego de voz e de 52% no caso dos dados, quando comparado ao período anterior ao da crise de saúde pública.
A Anacom refere ainda que se registaram “alterações significativas nos padrões de utilização dos serviços de comunicações electrónicas”.
Isto porque houve um “significativo crescimento do tráfego de voz fixa (de 94%) que contrasta com a redução verificada em anos anteriores (em 2019 este tipo de tráfego diminuiu 15%)”. Trata-se de um serviço que está em queda desde 2013, recorda a Anacom.
Em consequência, o peso relativo da voz fixa aumentou em relação à voz móvel, que cresceu menos nestes últimos dias, registando um aumento de 41%.
Neste período também se acentuou o aumento do tráfego de banda larga fixa (de 53,7%), que estava em desaceleração (cresceu 29% em 2019). Em contrapartida, o tráfego de dados móveis subiu 24%.
“Estima-se assim que o tráfego médio por acesso fixo continue a aumentar (era de 131 GB/mês em 2019) e se afaste ainda mais do tráfego médio por acesso móvel (4 GB/mês em 2019), visto que o tráfego de dados móvel está a crescer a taxas inferiores ao tráfego fixo”, destaca a entidade reguladora.
Esta evolução vai ao encontro das práticas que devem ser adoptadas para prevenir o congestionamento das redes – privilegiar o uso das redes wi-fi em vez da Internet no telemóvel e optar pela voz fixa em detrimento do móvel –, sublinha a Anacom.
Além de não terem sido “reportados congestionamentos relevantes”, a entidade reguladora refere que, de “acordo com a informação de alguns prestadores”, o perfil de utilização dos serviços “ao longo do dia não se alterou de forma significativa”, notando-se “apenas uma maior redução do tráfego às horas das refeições” e um aumento generalizado do tráfego entre as 7h e as 23h, com a ocorrência de um pico às 22h.
A Anacom recorda que os operadores já anunciaram que têm vindo a reforçar a capacidade das redes para suportar os aumentos de tráfego, incluindo nas horas de pico, para “assegurar a integridade e a continuidade das redes e serviços”.
Os operadores estão obrigados a notificar ao Centro de Reporte de Notificações da Anacom quaisquer situações de violações de segurança ou perdas de integridade que tenham um impacto significativo nas redes e no fornecimento de serviços aos seus clientes.
Ainda assim, a Anacom sublinha que continuará a monitorizar permanentemente a situação, “averiguando regularmente junto dos operadores” o impacto que a pandemia está a ter nas suas actividades, “como está a evoluir o tráfego, se existem situações de congestionamento das redes decorrentes de aumentos da procura, se existem constrangimentos ao nível dos fornecimentos” e que que medidas estão a ser adoptadas, incluindo as de protecção de “colaboradores que possam ser críticos” para as actividades desenvolvidas pelas empresas.
A Anacom também averiguará “o tipo de articulação que está ser efectuada” entre os operadores de telecomunicações e outras entidades, nomeadamente as da protecção civil, e a “forma como se estão a processar as comunicações de emergência”.