“A feira ARCOlisboa em Maio vai ser impossível”, antecipa galerista Cristina Guerra
Com várias feiras de arte já adiadas, incluindo a Art Basel, pode ser difícil encontrar abertas depois do Verão para uma eventual recalendarização.
A feira de arte contemporânea ARCOlisboa, que deveria realizar-se este ano de 14 a 17 de Maio, terá de ser adiada, disse ao PÚBLICO a galerista portuguesa Cristina Guerra, uma das decanas do mercado da arte nacional.
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A feira de arte contemporânea ARCOlisboa, que deveria realizar-se este ano de 14 a 17 de Maio, terá de ser adiada, disse ao PÚBLICO a galerista portuguesa Cristina Guerra, uma das decanas do mercado da arte nacional.
Com organização espanhola, a feira de Lisboa, o maior evento anual do mercado da arte em Portugal, que na sua quinta edição traria à Cordoaria Nacional cerca de 70 galerias nacionais e estrangeiras, está a estudar a viabilidade de um adiamento para depois do Verão. “A realização da feira ARCOlisboa em Maio vai ser impossível. A organização disse que ia resolver a 3 de Abril se a feira se manteria nas datas previstas, mas com o que está a acontecer em Espanha não há hipótese nenhuma de se realizar em Maio. Julgo que vai ser passada para o Outono. Estamos à espera de soluções”, adiantou Cristina Guerra, lembrando que Espanha é neste momento um dos países mais afectados pela crise da covid-19, com 4145 mortos e 56.188 infectados.
“É muito difícil que a feira possa celebrar-se em Maio”, confirmou ao PÚBLICO a directora da ARCO, a espanhola Maribel López, através do gabinete de imprensa do IFEMA, responsável pela organização do evento juntamente com a Câmara Municipal de Lisboa (CML). A directora está à procura de alternativas que serão discutidas na próxima semana com as galerias portuguesas.
Contactada pelo PÚBLICO, Catarina Vaz Pinto, vereadora da Cultura da CML, disse ao PÚBLICO que “ainda não há uma decisão” definitiva sobre o adiamento.
Art Basel só em Setembro
Num ano em que já foram adiadas feiras, pode vir a ser difícil encontrar uma nova data num calendário ainda mais concorrido e que precisa igualmente de ser acertado com os compromissos da própria Cordoaria Nacional, onde o evento se realiza em Lisboa. “Já não é bem se se devia adiar a ARCOlisboa, mas para quando é possível fazê-lo”, comenta Pedro Cera, um dos galeristas portugueses mais internacionais, juntamente com Cristina Guerra. "Temos de equacionar se é preferível cancelar a feira ou fazê-la numa data em que assumimos que não vamos ter o mesmo número de coleccionadores internacionais por causa das feiras que decorrem na mesma altura”, acrescenta. “Pessoalmente, acho que os benefícios de realizar a feira serão maiores do que o contrário.”
Na quinta-feira, o evento mais importante no calendário do mercado da arte contemporânea, a Art Basel, anunciou o seu adiamento para Setembro. A feira de arte suíça, que costuma ter lugar em Junho em Basileia, e em que participam galerias portuguesas como Cristina Guerra ou Pedro Cera, terá lugar apenas de 15 a 20 daquele mês. “O impacto do vírus da covid-19 é dinâmico, de grande alcance, e tomámos estas medidas para proteger a saúde e a segurança dos trabalhadores e da comunidade da Art Basel”, diz o comunicado da organização colocado online. “Esperamos que a situação melhore rapidamente e vamos trabalhar de perto com os exibidores para fazer uma feira de sucesso em Setembro. Ao mesmo tempo, temos a noção de como a situação é dinâmica e vamos continuar a monitorizar a situação da covid-19 de perto”, afirma Marc Spiegler, director global da Art Basel, citado mesmo pelo comunicado.
A última Art Basel Hong Kong, que estava marcada para a semana passada, foi cancelada em Fevereiro, mas acabou por ter uma edição online. Pela primeira vez, a feira lançou a secção Online Viewing Rooms, que permitiu às galerias fazerem as suas vendas através de exposições digitais. A Art Basel revelou esta semana que os 235 exibidores da feira de Hong Kong receberam 250 mil visitantes.
A galerista Cristina Guerra diz que quer estar presente em Setembro em Basileia, onde apresentará também Juan Araujo na secção Unlimited, assim como Julião Sarmento, mas tem dúvidas sobre se consegue abrir o seu stand na Art Basel Miami, prevista para Dezembro, num ano que poderá ser muito difícil para as galerias.
Notícia corrigida às 14h51: a Art Basel Miami realiza-se em Dezembro e não em Setembro